sábado, 29 de setembro de 2007

Santo Forte

Chão de pedra, chão de areia, chão de tudo ou sem chão mesmo. Eu vou lá saber que chão? Tem pés, mulé? Pois, se joga. Tô pra vê ponta de mundo, biqueira, birosca, maloca, boteco, quebrada, goma, rolê, rôbada, colê, correria, organizada (vaaai Gaviões), que a gente não chegue junto. Então, se estamos aí inteiras é pra isso. Ouvindo um som com o mundão na frente, os zóio na malícia e o corpo na malemolência, um punhado de irmãos e amor no coração.

Ouve só: o santo é forte.

O tempo fechou usa da humildade, ou corre. O tempo fechou mais ainda, dá o bote. É essa a lição, a gente faz esse rolê por opção. Atrás dos sangue bom, num é dos "bonitinho" de plantão. Encenando a euforia, batendo ponto na alegria. Portões fechados, orgulho pago. Não, não. Bola pra frente, atrás vem muita gente. "Quem não segura o baque é piripaque". A gente enverga sim mas não quebra não, os nossos passos ofertamos. Unidas somos. Sem nada no bolso, sem garantia, sem segurança. Do nosso lado: os ventos, as águas
as gambiarras,
as estriquinagens e
as risadas.



Aí Lila, essa foi procê.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Mas a lua tá gorda.

Pôvo,

eu tô numa correria danada, por isso não tem dado pra escrever nem caprichar. Minas, tamos aí, vamos botar fogo no baguio! Seguimos...

Vou colocar um poema que li no blog do Sérgio Vaz e gostei, certo? Ctrl C, Ctrl V.

Ah! Beonca, mudei lá as configurações, vc pode fazer comentário agora!



Eu apresento a página branca.


Contra:
Burocratas travestidos de poetas
Sem-graças travestidos de sérios
Anões travestidos de crianças
Complacentes travestidos de justos
Jingles travestidos de rock
Estórias travestidas de cinema
Chatos travestidos de coitados
Passivos travestidos de pacatos
Medo travestido de senso
Censores travestidos de sensores
Palavras travestidas de sentido
Palavras caladas travestidas de silêncio
Obscuros travestidos de complexos
Bois travestidos de touros
Fraquezas travestidas de virtudes
Bagaços travestidos de polpa
Bagos travestidos de cérebros
Celas travestidas de lares
Paisanas travestidos de drogados
Lobos travestidos de cordeiros
Pedantes travestidos de cultos
Egos travestidos de eros
Lerdos travestidos de zen
Burrice travestida de citações
água travestida de chuva
aquário travestido de tevê
água travestida de vinho
água solta apagando o afago do fogo
água mole sem pedra dura
água parada onde estagnam os impulsos
água que turva as lentes e enferruja as lâminas
água morna do bom gosto,
do bom senso e das boas intenções
insípida, amorfa, inodora, incolor
água que o comerciante esperto
coloca na garrafa para diluir o whisky
água onde não há seca
água onde não há sede
água em abundância
água em excesso
água em palavras.
Eu apresento a página branca.
A árvore sem sementes.
O vidro sem nada na frente.
Contra a água.


Arnaldo Antunes

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

...das crianças.


No colorido de seus sonhos o azul do céu sempre estava presente.
Dizia pra sua mãe, quando essa procurava um novo barraco pra morar, que o importante, era o tamanho do céu que a nova morada teria.
O tamanho do chão tanto fazia... até porque do chão de terra batida coberto de papelão não tinha como escapar, era assim e pronto. Sempre! Já o céu... Ah! O céu...
Quanto mais ladeira acima fosse, mais a menina gostava. Estaria mais perto da onde queria estar. Em corpo e sonhos.

Pequena que fosse, sabia encontrar a chuva antes dela virar desgraça.
Pequena que fosse, sabia quando era junho e julho. Ainda analfabeta aprendeu a ler o calendário pelos foguetes, balões e pipas.
Pequena que fosse, aprendeu o calendário lunar ... orientada pelos rasga-sacos, vira-latas e encoleirados da sua comunidade.

Quando sua mãe recebia doações que de porta em porta pedia no intervalo de suas faxinas, ela abria o saco ansiosa em busca de sapatos. Velhos, as vezes um pé só, outros que nem no pé de suas bonecas cabiam. Mas não se importava com o significado daquilo que a sociedade cheia de compaixão lhe doava, pois rapidamente o lixo deles virava mais um enfeite do céu de sua quebrada.
Arremessava para cima e nos fios, os sapatos enganchavam. Ela corria então para baixo do fio, e com o pescoço curvado em "180º" graus olhava o céu por baixo dos pisantes. Que bonito era o seu céu com fios, tênis amarrados no cadarço, fumaça, antenas, luzes e lajes.
Nos aviões, que os jornais tanto falavam, ela nunca pensou em estar dentro, muito menos em filas ficar. Eles eram também adorno do que na vida, pequena que fosse, tinha escolhido como paisagem.
Do céu e seus enfeites aprendeu a amar a rua/lua e o brinquedo/vento.

De ET's e Ovnis, pouco sabia. Medo? Que medo...
Ela só tinha medo de uma coisa, que os pipocos secos que davam, pro alto, pro lado, pro barraco, pro outro, lá abrissem buracos. Mas depois do estouro, procurava os rombos em cima de sua cabeça, e não encontrava. Nem as balas podia atingi-lo. E quando seu pai foi achado por uma bala que um homem de cinza soltou, aprendeu que na verdade uma nova estrela o céu
ganhava.
Essa segredo foi com São Jorge que ela compartilhou...

(Bia Cactus)

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Aprendi a colocar imagem!


Festa de 97 anos do Corinthians! Dá pra colocar fotos e essas tranqueiras, dahora.

Miguelando no trampo, levando a vida, comendo amora.

Escolha



Eu te amo como um colibri resistente
incansável beija-flor que sou
batedora renitente de asas
viciada no mel que me dás depois que atravesso o deserto.
Pingas na minha boca umas gotas poucas
do que nem é uma vacina.
Eu uma mulher, uma ave, uma menina…
Assim chacinas o meu tempo de eremita:
quebras a bengala onde me apoiei, rasgas minhas meias
as que vestiram meus pés
quando caminhei as areias.

Eu te amo como quem esquece tudo
diante de um beijo:
as inúmeras horas desbeijadas
os terríveis desabraços
os dolorosos desencaixes
que meu corpo sofreu longe do seu.
Elejo sempre o encontro
Ele é o ponto do crochê.
Penélope invertida
nada começo de novo
nada desmancho
nada volto

Teço um novo tecido de amor eterno
a cada olhar seu de afeto
não ligo para nada que doeu.
Só para o que deixou de doer tenho olhos.
Cega do infortúnio
pesco os peixes dos nossos encaixes
pesco as gozadas
as confissões de amor
as palavras fundas de prazer
as esculturas astecas que nos fixam
na história dos dias

Eu te amo.
De todos os nossos montes
fico com as encostas
De todas as nossas indagações
fico com as respostas
De todas as nossas destilairias
fico com as alegrias
De todos os nossos natais
fico com as bonecas
De todos os nossos cardumes
as moquecas.
(elisa lucinda)

Poesia bonita, rapaz.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Causo

O Luís, meu chefe, descobriu que tem um outro Luís com o mesmo sobrenome trabalhando no Dieese, e ficou muito puto pela injustiça de Deus. Tanto fez, que descobriu o telefone do dito cujo e resolveu ligar. Discou o número que era interurbano, e pouco depois deixou o telefone cair, com cara de bobo:

- Eu atendi!

4 a 11 novembro nas bordas

Manifesto da Antropofagia Periférica

A Periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor. Dos becos e vielas há de vir a voz que grita contra o silêncio que nos pune. Eis que surge das ladeiras um povo lindo e inteligente galopando contra o passado. A favor de um futuro limpo, para todos os brasileiros.
A favor de um subúrbio que clama por arte e cultura, e universidade para a diversidade. Agogôs e tamborins acompanhados de violinos, só depois da aula.
Contra a arte patrocinada pelos que corrompem a liberdade de opção. Contra a arte fabricada para destruir o senso crítico, a emoção e a sensibilidade que nasce da múltipla escolha.
A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.
A favor do batuque da cozinha que nasce na cozinha e sinhá não quer. Da poesia periférica que brota na porta do bar.
Do teatro que não vem do “ter ou não ter...”. Do cinema real que transmite ilusão.
Das Artes Plásticas, que, de concreto, querem substituir os barracos de madeira.
Da Dança que desafoga no lago dos cisnes.
Da Música que não embala os adormecidos.
Da Literatura das ruas despertando nas calçadas.
A Periferia unida, no centro de todas as coisas.
Contra o racismo, a intolerância e as injustiças sociais das quais a arte vigente não fala.
Contra o artista surdo-mudo e a letra que não fala.
É preciso sugar da arte um novo tipo de artista: o artista-cidadão. Aquele que na sua arte não revoluciona o mundo, mas também não compactua com a mediocridade que imbeciliza um povo desprovido de oportunidades. Um artista a serviço da comunidade, do país. Que, armado da verdade, por si só exercita a revolução.
Contra a arte domingueira que defeca em nossa sala e nos hipnotiza no colo da poltrona.
Contra a barbárie que é a falta de bibliotecas, cinemas, museus, teatros e espaços para o acesso à produção cultural.
Contra reis e rainhas do castelo globalizado e quadril avantajado.
Contra o capital que ignora o interior a favor do exterior. Miami pra eles? “Me ame pra nós!”.
Contra os carrascos e as vítimas do sistema.
Contra os covardes e eruditos de aquário.
Contra o artista serviçal escravo da vaidade.
Contra os vampiros das verbas públicas e arte privada.
A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.
Por uma Periferia que nos une pelo amor, pela dor e pela cor.


É TUDO NOSSO!
Sérgio Vaz
Poeta da Periferia


Dêem uma passada nesse link:

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG79089-6014-487,00.html




terça-feira, 18 de setembro de 2007

Parindo Amanhãs

Vontade de um terreiro mocambado de palmeiras
Vontade de reler as letras da história
Escrita no curso das veias
De uma história mais guerreira, pulsante.

Um sentido sentido às palavras
Saber de que boca as verdades caem.
Saber quais verdades é emboscada da boca do inimigo e
das verdades escondidas nos cantos,
Mudas no canto da boca.

Coragem pra colorir o branco pálido da página,
E pra morar tanto tempo no canto invisível da página
Lido nos entres, nos vãos, nos saberes não escritos.
Lido apenas pelos analfabetos em seus delírios lúcidos.

A força de aproveitar as vértebras, os ventres.
O que nos ergue e o que nos infinita
O verde-maduro de nossas sementes.
O desvio inesperado de nossas vertentes. Inverter.

Detonar o muro velho que divide e verga.
O muro que envergonha.
Descobrir-se África no mapa do corpo.
Onde fica Angola, onde fica o Congo
Defrontar-se com intangíveis fronteiras das áfricas que somos.

Parir novos pares, novos plurales, novos pilares.
As vozes contrárias do hoje e do dentro em contrações desejando ser.
Ser é saber-se. Ser mais é saber-se parte.
Vontade de parir novos palmares...

Um novo ponto de partida,
Que nos guie e nos caminhe,
Que nos leve a nós mesmos.
Que nos leve a criar ao invés de ser criados.

A vez de nascer novas vias de verdades.
Onde me vejo e me vôo.
Pra morrer esse viés que nos enverga.
Pra versar o versus, dos versos... O inverso.
Que é quando me descubro escravo que me liberto.
Que é quando me descubro escravo que me liberto.

(Lila)

VIDA LOKA - Racionais


Meu negócinho de MP3 pifou, só sobrou essas músicas. Rodando o dia todo!

...

Aos parceiros tenho a oferecer minha presença,
Talvez até confusa, mas Real e Intensa,
Meu melhor Marvin Gaye, sabadão na Marginal,
O que será, será, é nóis vamo até o final,
Liga eu, liga nóis, onde preciso for,
No Paraíso ou no dia do Juízo Pastor,
E liga eu, e os irmão,
É o ponto que eu peço, favela, Fundão,
Imortal nos meus versos,
VIDA LOKA.

...

É só questão de tempo, o fim do sofrimento,
Um brinde pros guerreiro, zé povinho eu lamento,
Vermes que só fazem peso na terra.
Tira o zóio.
Tira o zóio, vê se me erra,
Eu durmo pronto pra guerra,
E eu não era assim, eu tenho ódio,
E sei que é mau pra mim,
Fazer o que se é assim,
Vida loka cabulosa,
O cheiro é de pólvora,
E eu prefiro rosas.
E eu que...e eu que...
Sempre quis um lugar,
Gramado e limpo, assim, verde como o mar,
Cercas brancas, uma seringueira com balança,
Disbicando pipa, cercado de criança...
"How...how Brown
Acorda sangue bom,
Aqui é Capão Redondo, tru
Não pokemon,
Zona sul é o invés, é stress concentrado,
Um coração ferido, por metro quadrado..."
Quanto, mais tempo eu vou resistir,
Pior que eu já vi meu lado bom na U.T.I,
Meu anjo do perdão foi bom,
Mas tá fraco,
Culpa dos imundo, do espírito opaco.
Eu queria ter, pra testar e vê,
Um malote, com glória, fama,
Embrulhado em pacote,
Se é isso que cêis quer,
Vem pegar.
Jogar num rio de merda e ver vários pular

33 II

- Se vira nêga!

Alta, minha estrela-guia fisga o canto da boca. Pôrra, fiz merda. Que bom. A rua começa a murchar nessa escuridão, vai soltando as rédeas dos carros, das casas, dos postes de iluminação. Ei Lua, encaminha os loucos pras suas vielas, cuida bem delas (a Lua sabe é desse pôvo). Me enrosquei de novo, no som amistoso daquela que de um lado oferece a flor, do outro a espadela. Como dizia o poeta: mas aqui ninguém amarela.
Num tem essa de ficar passando um pano, né mano? A questão é uma vírgula escondida que ninguém atravessa sem antes bater cabeça, em encruzilhada em beira de esquina ou em qualquer quebrada. Essa vírgula é o poço da dádiva, vai esmiuçando, botando fogo nos óio, ardendo, temperando, e vai que dá a liga, no profundo desespero consciente, quando a gente toma posse de fora de dentro pra sempre. Fiz merda, eita coisa boa sô!

A rua desafivela o cinto em que percorro com a minha magrela, a noite é baixa pra eu tocar nela, chorando um choro boniiiiiiiito, firme e infinito.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Nóis sem nóis n'é nóis

Minha mãe me ensinou que existe o fundamental, e você tem que se manter firmão o tempo inteiro para que a vida não vá pareando a batida do peito com a batida do relógio. De vez em quando, enquanto assistia aula no primário (salve Amorim Lima!), a inspetora de alunos mandava me chamar. Sempre que acontece isso, é por que ocorreu alguma coisa grave na família, então eu descia a escada com o coração acelerado. No fim do corredor em que a molecada costumava tomar advertência, lá estava ela, com um sorriso gigante e três bolinhas de açúcar. Toma o seu remédio e esse beijo. Bora dar uma volta. Olha essa flor, parece o seu nariz! Isso se chama tatu-bolinha. Ô fiote, que cê tá aprendendo hoje?

Só os fundamento.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Para a minha Batchan

Monte Fuji e Nagasaki, águas eternas de
roça e roçado, arroz e incenso
navios, promessas, cuidado.
mãos pretas de terra
mãos de fumaça
mãos secas de frio,
principalmente suas mãos.

Bordam as beiras de um mundo invisível,
mítico, cheio de filhos

de olhos rasgados.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Timariinha do Tivete?

Quem conhece minha vó, Mariinha, nunca se esquece
Muito menos do vô Vete

Meu vô conta que eles se conheceram lá pelos idos de 1930, ou 40
na Picada das Candeias do Sertão de Minas Gerais,
quando o Vete pescava no corguinho.
De repente, ele sentiu uma fisgada tão, mas tão forte que até caiu.
Puxou o bicho e quando viu, era a Maria lá.

Foi assim que a família Trexeira começou.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Chavão abre Porta Grande

Como já dizia o véio e bão Itamar


De repente
O amor de sempre não era mais suficiente
O amor de sempre de repente não era mais suficiente

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Um Reino

Mulher, Potência
Austeridade prenunciando boas idéias
Pensamento vagabundo que corre todo canto
Dando a cara, os joelhos, os ombros pra bater...
Enlaçando, fundando mundos e fundos,
acabando com tudo.
Seduzindo, afastando.
Eternizando, cabendo na palma das mãos
Jogando tijolos nas ilusões, nunca nunca imaculada.
Maculando, provendo reinos.
Delicadeza: tudo que é feito de força domada,
escondida e disfarçada.
E quando baixa a guarda se arma.
...
Acordei florindo, e me esparramando,
peguei o ônibus lotado
sem xororô
Buscando uma cor, ficando sossegada, entendendo.