quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Último Adeus, pra nunca mais...

Óia, depois de escrever 8 páginas de prova sobre uns troços que eu
finjo que sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe, da insígne Política 4,
só digo o seguinte:

Vão pro inferno!!!

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Pros zóio da cobra verde

Tive certeza onde procurar e encontrei, tão fácil como as coisas são familiares aqui na Vila Indiana.
Mas só pra quem é.

Depois, uns tecos de história que refiz...
um muro que pulamos, um tombo no escadão
nossas ruas de ontem, ainda caminham os mesmos
agora com mais responsa, crescemos
uma montanha que escalamos, de roupas
um video-game pisado,
uma coca preta
um cinzeiro atolado.

Dia friozinho amanhecendo e um gosto de Sprite na boca. Tudo se encaminha de acordo com a vida que vai se desenrolando, nessa vida, sempre BNH. Mas é só pra quem é.
Seu João na rua caído canta um velho samba: "No tempo que eu tinha meu dinheiro, tinha meus companheiros, tinha tudo ao meu lado...", os pássaros também cantam. Cantei uma música uma vez, disso me lembrei. Contei meu dia.

-Se eu num lembro, eu não fiz! O que eu fiz? Fazer o quê, né!? Maloqueiro! Vagabundo nato!

Não sei como acordei com essa berma surrada do Timão, nem quando rabisquei esse desenho. Apostei coroa e perdi, por isso tô aqui. Levantei hoje foi reparando os olhos da cobra verde me encarando. Aninhando cabelo maciozinho e preto, mãos calejadas de maloca. Cheiro fresco de folha. E o chiclete de ontem engruvinhado na minha franja.

Pra quem é.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

*Morada*

E como eu esparramasse
braços se abrindo em ânsia de crescença
por dentro de uma parede.

E como eu, pescoço travado querendo movimento
vagarosa cãibra no caibro
por dentro viga.

E doente
empapado, latejante
se alastrasse meu caldo
em tua tapera
catinga friinha.

E ouvisse trincos em meu crânio
perfurando ferrolhos
com os pregos que marca.

Entre conduítes
rebocando a Vida
que arromba o mofo,
a ser escora do gancho
que sustenta tua rede

de balanço.

(Allan da Rosa)

OBSzinha: São Jorge vai descer no mundão no jogo contra o Vaxxxxxxxxxco.

Fechooooooooooooooô

Vou colocar aqui um texto que escrevi depois da festona "Fechô no Gueto", que achei no meio dos papéis esquecidos.

" Pois é, as rezas deram certo. Não tinha nenhuma nuvem no céu, e de vez em quando até tinha fogo. A molecada não arredou o pé, podecrê, e a festa foi daquelas bonitas demais. É certo que foi meio sem jeito, aos trancos lá em cimão do barranco, a Kombi subia zuada. Mas o calor tava bravo machucando o lombo de quem brincava com insistência. Fizemos o improviso, no terreirão enlaçado de fitas coloridas. Enchemos a barriga de abrigo. O presente era cada par de olhinhos, cada um sabendo a lonjura da própria perna. Tinham muitos pares desses olhinhos, muitas vontades, novelos de linha enroscando nesse trecho de mundo calorento chamado Taboão. Os olhinhos fincavam, meio fechados por causa de tanta claridade. O pó sobe, a pipa sobe. Que nada, 37º? Muito mais! Um paredão de casas, morro, morro e sol. A mulherada ardia no meio do fumacê pra cima e pra baixo, gritando. Os donos dos olhinhos, ao contrário, faziam a farra. Não tem tempo ruim, porque não tem tempo perdido. Afinal, cada um é dono da sua própria artimanha. Na manha, a torneira gira, o povo aproxega. O povo gira, no meio do aguaceiro. Tudo brilhou naquele canto do Gueto: as bexigas, as Flores, as cercas, as malocas, a Vila toda. E o dia sem fim ainda iniciando, fazia a reverência pros nossos tataravós ao contrário".

Visse?


Hai Kai da TPM

Um dia após o outro
o correr de águas
seu olho roxo.

Eu mesma tenho não. Magina, euuuuuuuuuuuu? Mas conheço cada doida!


quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Canta para ver como é sublime, ó nêga


Ê trem bããããããão sô!

Povo, ainda tô naquelas, sem tempo nem jeito pra escrever...
é que a vida toma uns atalhos doidos e se a maré enche, eu vou com ela
nénão?

Mas aconselho ocês a ouvir uma música muito da bonita,

ALEGRIA TU TERÁS

Alegria tu terás
Canta para ver como é sublime, ó nêga
Tua paixão se desfaz
Não volta mais, não volta mais

A rosa que desfolhou
Foi por se achar cansada
De tanto fazer bonito
No romper da madrugada
Minha cabrocha
Meu divino redentor
Sou capaz de andar de rastro
Por causa do teu amor

(Alegria tu terás)
Alegria tu terás...

Fico triste, afinal
Você vai saber por quê
Para me livrar do mal
Que hoje eu fujo de você
Tanto faz eu trabalhar
Como ser rapaz vadio
A roupa que Deus me dá
É de acordo com o frio.
(Heitor dos Prazeres e João da Gente)

Certo? Tamos aí!

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Paz e Amor

Noite bonita, tudo em cima. Botecão lotado, e os migué caçando problema:

- Ei mina, vâmo trocar umas energias...

- Ôxi, eu não sou tomada não, fio.

Recortei e colei mêmo!

Pressa, pressa e mais pressa... mas é que tudo vai ficar batuta povo!
Cheguem junto, não fiquem aí panguando
Nós vamos pra lá:

"Povo lindo, povo inteligente,

hoje é o dia da Literatura na Semana de arte Moderna da Periferia, então pode esperar que o dia vai ser daquele jeito... Aliás, diga-se de passagem, tudo isso está acontecendo justamente pelo bom momento em que vive a literatura periférica e/ou marginal, como queiram.
À Tarde (17hs) teremos um debate na Casa de Cultura do M´boi mirim (Av. Inácio Dias da Silva, s/n Piraporinha), sobre "A produção literária da periferia" com Alessandro Buzo, Sacolinha, Elizandra, Eleilson e eu na mediação. (infs: 55143408)
À noite o bicho vai pegar no Sarau da Cooperifa, estão sendo preparadas várias surpresas para hipnotizar os convidados, nem nós nem você serão o mesmo depois noite, pode acreditar!
Estão sendo aguardados quinhentas pessoas, por conta disso o sarau vai começar mais cedo, 20hs, então, se quiser um bom lugar sugiro que levante agora e vá correndo para o bar do Zé Batidão conhecer a noite mais linda do ano, pois, se não sabem, já tem gente esperando o bar abrir.
Apesar de tudo, a periferia da zona sul nunca esteve tão colorida, não espere que ninguém te conte, vá você mesmo ver para crer.
Com calos nas mãos e o coração de veludo,
Sérgio Vaz
Antropófago da periferia"

Força na peruca rapaziada,
pega o "Jd. Ângela" no Largo da Batata,
pede pra descer na Igreja do Piraporinha e vai avistando a ladeira:
sobe-que-sobe e chega lá, no bar do Zé Batidão, na muvuca mesmo.

Tá água com açúcar já,
então inté.



segunda-feira, 5 de novembro de 2007

É primaveraaaaaaaa... te amuuuuuuuuuuuu




Moças e moços,
eu por aí ando me ocupando:
pingando com a chuva e ventando com o vento, que nem vocês. Outras coisas mais,
bonitas demais,
entre descaminhos, vergonhas, magrelices e bebedeiras (e uma vontade de viver tudo e não registrar nada!).

Deixo aqui poema da Lila e da Fêzinha, flores.

"Onde é que fica o lugar onde eu possa te encontrar fora da minha cabeça? Ou o amor será apenas isso mesmo? Essa coisa, consumida e devorada, martelando na cabeça.

Onde é que as pessoas se encontram pra dizer: “Não, não está tudo bem. ‘Tudo bem’ é apenas a resposta plausível da pressa. Ou da indiferença.”?

Em que parte é possível que não carreguemos sozinhos a realidade de não estarmos bem? E assim entendermos que não estar bem é o primeiro passo de um caminho novo. Onde podemos compartilhar os nossos silêncios. Inquietantes. Um lugar em que nos ensinem a aprender o silêncio dos estranhos, a entender os motivos dos que nada disseram, dos que agüentaram quietos, os motivos sem palavras, e as vidas que acontecem sem explicação. E que é o mesmo silêncio que a gente sente quando não sabe explicar esse nó no coração.

E o espaço-tempo do abraço, das cartas escritas a mão, dos suspiros..., e dos doces preparados por horas e horas, dos pensamentos sem conclusão? De ficarmos sentados, mirando, sem medir até quando, e sem dizer palavra.

Onde fica o lugar para podermos criar as nossas crianças sufocadas no peito, de perguntarmos se é com ‘s’ ou com ‘z’. O lugar das perguntas e respostas simples e dos poemas simples de amor:

“Um dia vi uma flor caída e triste

Lembrei de você”

Onde todos nos reunimos na mesa, antes do jantar, agradecemos, e ficamos pro café. ... O lugar da cozinha, da cozinheira. Do feijão cozinhando na lenha, o sol se pondo...

O lugar das verdades intuídas, construídas, vividas, confrontadas nos corpos. Cantadas em coros dissonantes. Das verdades significadas, trabalhadas, talhadas, repartidas. Da verdade-pão. Onde a história, a terra, a panela, reconheçam as nossas mãos. Onde as minhas mãos reconheçam as suas.

Se pudéssemos entender o milagre das nossas mãos. Da nossa luta muda e da mudança invisível porque profunda. A força da nossa deseducação. Do desafinado da nossa canção, das orações interrompidas pelo sono. Onde, sozinhos, nos confessamos. Trocamos confidências e sonhos.

Se entender é esse esforço de juntar, por que não nos entendemos juntos? Porque trocamos nossas idéias como quem troca produtos?

Quero um tempo em que a história signifique também o presente e o futuro. Que não nos venha embrulhada e pronta. Que seja as vísceras e o motor. Que seja em nós, o calor das ciências inventadas dos nossos avós, pra fugir dos açoites e dos insultos. A voz tremida e o suor.

Que os ouvidos não estejam à espera de um super-herói ou de um deus.

Onde fica o lugar onde atamos os nossos nós?"

(Liloca)




"Homem textura

olhos perscrutando

o que não se pode evitar:

inimaginável.

No campo imenso

a torre de petróleo me interroga

(sem que eu consiga dizer se é ela

ou o campo

quem está só):

- Em que consiste a masculinidade?

De súbito

na contra corrente

a janela refaz a tarde"

(Fêzinha)