sábado, 1 de novembro de 2008

Candeias




Mato seco nessa planície: verde.
Gotas de ar coalhado: azul.
Azul e verde
verde e azul.
Posso apertar uma sementinha de vento
entre as unhas e soprar, até
colher uns pingos de água
batendo na pedra.
Onde eu olho nesse horizonte
nada se anuncia, come-quieto.
Tudo insiste azul e verde
entre os meus desejos
verde e azul.
Procuro com a lembrança outras paisagens
"Longe, um rumor alto de praia na estação. O barulho dos fogos de artifício. Pontas, abismos, arestas. Cores que se misturam e invadem os olhos, o pulmão. Verde-limão. Gritarias das gentes, festas."
Mas meu horizonte se abre longe
em qualquer canto que eu esteja,
é um silêncio de tocaia.
As pessoas já nascem grandes estátuas de pedra
suspensas.

Na linha onde principia o verde, onde termina o azul,
começa meu povo.

(Pra vó Mariínha e vô Vete)

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