terça-feira, 25 de maio de 2010

Caderno de Desenho 2010



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sábado, 22 de maio de 2010

Fê, aí vai...


Determinei

Estabelecia que sim,

então era.

Preparou o fundamento, que era um pouco de feijão e arroz, e a mistura. Lembrou do vento, as roupas pra lavar, abriu a cortina. Sol não tinha, mas ainda se sentia quente no meio da fumaça a água evaporando soltando borbulhas e pingando pingando. Toda história tem história-e-meia. A água tingia o chá, ou era o contrário? Um chá ajudaria, sentiria sono e poderia enfim dormir no chão friozinho, quase um chão batido de terra dos tempos que nunca viveu mas não se esqueceu. A colher de madeira bate com força nas panelas e quem dera que fosse canção todo dia, nessa vida nossa uma música pra sentir digno o próprio esforço de entregar a pétala mais doce, o cruel veneno. Talvez fosse bem-querer, tinindo de novo as ventas. Se entregou certeira, tinha que ser. Os grãos do feijão desmancham folhas de louro. Queria sentir saudade, mas não isso já, sofria de alguma alegria alguma coisa que fica, coisa minha. Passeiam as mãos pelos cabelos, os restos de tinta nas unhas e o cheiro do sabonete barato, conforme fosse, quem pode dizer o dia de amanhã? Cada dia forma um jeito, uma temperatura, e se chove como fica assim parece chove é de través em mim.

terça-feira, 11 de maio de 2010

a pequena estátua

 Silver Clouds, Andy Warhol                                                          



gabriela nininha, pequenina
gostou muito muito dos quadros
que viu e... estática suspirava
ia e voltava o pensamento.
o mundo lá fora, e tanta abobrinha
lugar de criança crescer, dandando
ia, ia e vinha.
na boca rosa choque
no filme brilhante antiigo antigo
é tempo, eu falei.
mas a boca rosa choque
da moça do filme, a moça de várias cores
gabriela de várias cores
bem prateadinha
os cabelos que costuram
as fotos
os cabelos duros do retrato
malhado, a vaca amarela e a gabriela
querendo ser o balão, grande de travesseiro
o sonho voando, a gente espelhado nele.
gabriela, o elevador, estática.
boca rosa choque,
ficou dura nos ossos
ficou dura

ficou.

hoje, quando passeio
com as escolas aqui no museu
digo assim:
essa é a estátua gabriela,
ela gostou tanto da exposição
que decidiu morar aqui
(e pra morar aqui tem que ser
eterno né?).

PALMAS

Ainda

Arruda, cheiro de incenso, cor
invoco as chuvas, companheiras
de dentro, invoco
a terra que me invade
o gosto dos dentes
invoco tudo aquilo
que é secura
que é ponta afiada e dura
que é ardido e tímido
que é descaminho,
no meio da passarela.
Invoco todos os nãos
a navalha que chama
a flor transbordante
a graça de um pouso
certeiro. Bacia de
grávida. Invoco a roupa
que se lava a fibra.
Invoco o cheiro de corpo
e a penugem fresca
dos braços.
Invoco o que se fez pedra
a sombra que conforta a íris
o sustento feito com as mãos
o silêncio depois do grito que exalta.
A maravilha de ser criada
em tempo de paixão, esquecida dos
olhos de Deus.

E você, homem, ainda se lança
ao óbvio.