quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Brincadeiras de Pequena

Hoje estava lembrando minhas brincadeiras inventadas de criança. E tirei lá do fundo da memória tanta coisa, que vou colocar aqui pra nunca mais esquecer. Lógico que tinha as brincadeiras normais: queimada, pipa, rolemã... mas aí todo mundo conhece. E ocês, lembram?

Espelho do Céu é a brincadeira que o céu vira chão. O chão vira céu. Eu andava com um espelho apontado pra cima e imaginava meus pés pulando de telhado em telhado. Subindo nos fios dos postes e se equilibrando. E se a gente caísse no céu não morria! Sipá voava.

Mundo de Papel era meu mundo, guardado em latas de bolacha. Recortava os jornais, as propagandas. Tirava de lá cama, roupa, comida. Montava tudo espalhadinho no chão. As coisas nas prateleiras. Tinha carro, tinha sofá. A graça era montar, e depois guardar tudo de novo. Ganhei uma tesourinha de unha de nenê da mãe, e ficava recortando o dia todo.

Voar nas Nuvens era só ficar voando mesmo. Principalmente andando de carro, ônibus ou deitada no quintal. A nuvem é macia.

Mini-mina era ficar pequena, tão pequena que o esgoto que escorria pela calçada era um rio. Cada folha caída era um barco e a minha rua era um país. Assim, podia sentar na frente da calçada e ela ser grande, mais do que podia enxergar. Comeria um grão de arroz e outro de feijão e já estava bom.

Excursão dentro de Mim
, quando o prato era a rodoviária e a comida os passageiros. Todos eles iam viajar pelo meu corpo, conhecer meu coração, pulmões e as veias. Só não pensava como iam sair...

Aventura
era correr pelos telhados dos vizinhos. E achar uma casa abandonada. Nessa saíamos em bando! Ah! Tinha a aventura de conhecer um lugar novo também. A gente ia se embrenhando no matagal atrás de casa. Aliás ainda bem que os adultos não imaginavam isso, senão não iam deixar.

Boneca de Garrafa Pet eu e minha prima inventamos uma boneca de garrafa pet, sem rosto sem nada. A graça era ficar inventando roupa com os retalhos que minha avó, costureira, jogava fora.

Lixo da Rua. Essa foi o Pedro, meu irmão que inventou. Ele pegava tudo que via no lixo, chegava em casa e falava "Pai, faz um brinquedo?". Me lembro do mais legal: uma vitrola que meu pai fez com um toco, uma tampa de Nescau (era o disco) e os botões e agulha de toquinho. Depois eu pintei ele.

Programa de Rádio. Meu pai tinha uma vitrola e eu e meu irmão ficávamos fazendo um programa de rádio só pra nós mesmos. A gente contava histórias e depois tocava música. Nossa depois fiquei pensando como seria legal se outra criança ouvisse isso!

Costura. Adorava costurar, porque minha vó gostava de me ensinar. Mas eu só fazia travesseiro!!!

Bunda Lelê era com minhas amiguinhas e o Peu, meu irmão. A gente esperava o carro passar na rua e fazia um fila de bundalelê pro carro. Depois fomos reprimidos, é craro.

ah mas tinha o Iéié bunda...

que eu e o Peu inventamos. Era uma dança da bunda e quando parava a gente gritava: "TRABALHA BUNDAAAAAAAA!"

HHAHAHAHHAHAHHA

El abrazo del amor universal




Boa passagem pra nóis!!!
Muito amor
calor e cafuné.

licencinha poética

... e olho aberto para o medo travestido de senso,
ódio travestido de crítica.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Exposição Contos de Poeira

Onde buscaríamos nossa história dizimada?
Onde cantaríamos o nosso canto,
tingiríamos nossas cores?
Onde sinto a parte de mim soterrada
por anos e anos de sombra?

O giz dos ossos...
e toda poeira
unida na bacia
de lavar a alma feminina.









terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Abrindo Caminhos - Licença

Salvê!


Continuando, continuando... embolando com a chuva lá vamos nós. Agora o terreno é o Sarau Elo da Corrente, onde a reunião é pro lançamento do livro Negrafias, e eu vou unir forças e levar uma parte do meu trampo. A água é senhora. Bora lá!

Abraço chêroso,

Carolzinha
www.flickr.com/destruidorasdelares


Dia 10/12 (quinta – feira) – 19:30 horas
Sarau Elo da Corrente
Bar do Santista - R. Jurubin, 788-A. Pirituba.
Entrada Franca. (11) 3906-6081
elodacorrente@hotmail.com


quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Era uma praça muito engraçada, não tinha nome, não tinha nada...




...Ninguém podia achar ela não, por que a praça não tinha chão???

Chão tem, mas quase ninguém sabe. Quero te convidar a conhecer (e a fazer conhecida)
a única praça Zumbi dos Palmares da cidade de São Paulo.

Traga sua idéia e sua vontade para ocupar a praça no dia 20 de dezembro, domingo, a partír do meio-dia.

Toda atividade é bem vinda, pense em qualquer coisa possível de se realizar numa praça...
Ceromônia não oficial de emplacamento da praça, pintura das paredes, exibição de vídeos (traga o seu em dvd), fotografia, realização de curta-metragem, performances, pique-nique, brincadeiras, oficinas, conversa jogada fora, jogo de baralho, dominó, banho de sol...
E tudo mais o que você possa imaginar e trazer para somar! Convide os amigos.Te espero lá!

Como Chegar:
Vindo do centro sentido Terminal Cachoeirinha pedir para descer um ponto depois do hospital da Vila Nova Cachoeirinha. Saem ônibus do Largo do Paissandú, Terminal Barra Funda, metrô Santana, metrô Vila Madalena e Teodoro Sampaio.

Google Maps:
http://maps.google.com.br/maps?q=pra%C3%A7a+zumbi+dos+palmares+inajar+de+souza&hl=pt-BR&cd=1&ei=5AMYS5LgFJO-ygSv_MCbCQ&ie=UTF8&view=map&f=d&daddr=Pra%C3%A7a+Zumbi+dos+Palmares+-+S%C3%A3o+Paulo&geocode=CQFJNvtGFw9fFci9mf4deNI3_Q

Duvidas informaçõe se sugestões:
9811-0658 (Amanda) / 8922-9936 (Perê)

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

prenúncio de casa nova

beliscou o meu cotovelo
e eu contei o sonho -
o do aquário e as
sementes dentro de casa.

bateu nas telhas
a força da chuva
e eu, meu Deus,
com apavoro
só rezava pra semente
que se fosse
e o teto
e os lençóis
e o belisco dos
teus dedos
na carne.

eu só rezava
pela casa,
o teto
e as quatro paredes
molhadas
já florescendo as
telhas
do meu ventre.

No início era o Verbo

Andava devagar pela saída da escola com as veias palpitando de cansaço. Viria a noite depois, como sempre, secar a cor amarelada dessa tarde cachorra? Tanta coisa. Só não sabia a causa do cadeado repentino que ia trancando a língua, logo depois da prova de português. Questão um, letra bê. Palavra não mais falava, só se esquecia. Conseguiu quase entender o meio-fio, a lua da unha e a unha da lua. Pulou de uma pra outra. O Nome, os nomes já não anunciavam. Havia garganta para tatear e o sopro que dela avoa e respira. A pinça da vontade que vai coroando as frases também, quase dizia. Até buscava a letra, a liga. Puxava do avesso para lembrar as rodinhas do "esse", a volta do "gê". Não casava o desenho sem o som, destoavam solteiros. O mundo desnudo das palavras ia se estreitando nos olhos como exigência sem fundura. Coisa dura e aterrorizante. Gritou? O meio-fio entornou a faixa de pedestres e desapareceu. O último gesto ia desabando em foice no tempo. Esquecer as frases apagou o desconcerto, a melancolia e seu texto cinzento. Ela já não durava, lembrava manchas vagas onde não se reconheceu.
Só não fechou os olhos porque não existia.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A chuva clariô a noite

... foi debaixo de chuva, que pegamos dois ônibus lotados com a mulher recortada de papelão nos braços. O povo do buzão ia passando de mão em mão, por cima abrindo o caminho. Chuva moiô, tudinho. A lona se mantia firme, a lâmpada explodia. Chegamos no Clariô pra encontrar braços abertos, pão e café quentes. Fomos achar os pregos que marcam, a conversa boa com a Raquel Trindade, o caldo de feijão pelando já saía. Montamos lá, eu e minha comparsa, a moça recortada, desenho do chão. A roda girou até tarde.
E no fim o menininho pulou em cima das linhas feitas de fubá, que era pra pisar mesmo, e recolheu com todo o cuidado do mundo as poeira amarela pra sua coleção de poeiras...


logo mais coloco aqui algumas fotos da zueira lá no Clariô.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Morro Doce - dois poemas da Ciça

Neste sol calado
Vivemos afogados
Nesta cidade
Sem rio...

Entre morros verdes
Fugas concretas
de casas entre-postas
Num respiro
Sutil...

E no ar,
Voam soltas...
Grudam as pipas,
Escorrem pelo fio.

(Ciça)

Mais um da Ciça

Trânsito parado
Ônibus lotado
A mulher canta a Jesus...
Não usa salto
Apenas sua cruz
e a luz clamada
apenas esquenta
sua vida mal amada...

(Ciça)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

pausa

manhã das horas,
pequenas areias
que levo no bolso.
os passos são curtos,
apertados,
são muitos que tenho.
brasas das tardes
fuligem dos acordes.
estrelas estrebuchando
no céu, enormes.
côro zuado
minha nota ecoa
brava, na noite.
e esse cinzento
das horas que apalpo
não colore
o tanto que tenho.

(novembro 2009)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Último QuintasOito do ano!!!

A mulherada do Clariô chama,
e a gente vai!
Além da Família Trindade e do Záfrica
todos os grupos que participaram do QuintasOito vão estar lá!

Nesse dia vou levar uma parte da instalação que estou fazendo (segredo)!

Tambores da Noite

Minha gente,
enquanto uns nascem por aí, eu vou abrindo os braços!

E além disso, vem que nasce o livro do Carlos de Assumpção,
que eu tive a aventura de fazer os desenhos!

Sabe que? Vai ser bonito demais! Quem tiver cor age que venha conosco.




Confira a programação
dos lançamentos do livro
"Tambores da Noite"
*
Dia 19 (quinta-feira)
20 horas
Bar do Cláudio Santista
Rua Jurubim, 788-A. Pirituba. Zona Oeste.
Entrada franca. (11) 3906-6081 c/ Raquel e Michel.
elodacorrente@hotmail.com
*
Dia 20 (sexta-feira)
16 horas
Centro Cultural da Juventude
Av. Dep. Emílio Carlos, 3.641 – Vila Nova Cachoeirinha.
Zona Norte. (11) 3984-2466.
http://ccjuve.prefeitura.sp.gov.br
*
Dia 21 (sábado)
19 horas
Bar do Carlita
Rua Professor Viveiros Raposo, 234
(em frente da escola E.E. João Solimeo).
Brasilândia. Zona Norte.
(11) 3922-8593.
brasasarau@yahoo.com.br ou http://brasasarau.blogspot.com

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Presságio da Primavera

ontem revirando meus velhos cadernos achei uma poesia da Renatinha, que ela me deu faz um tempão. Lembrei porquê, e hoje parece que faz de conta ela me deu ele tudo de novo, porque entrou bem no buraquinho que estava abrindo em mim.

lá vai



Presságio da Primavera

Se é ou não é a Primavera
Veja só.
Você pode olhar para as flores
enquanto eu olho para o chão.
Ontem foi dia de festa
hoje é solidão.
E eu sei que não estou vazia.
Não há futuro,
sinta só
que eu não posso olhar para trás.
Amanhã eu vou embora
daqui ou de qualquer lugar.
Não importa, eu estou.
E se ainda abro meus olhos
é que não sei se te vejo
mais em sonho que em presença
de um dia que eu vivo já.
Quero um dia pra chorar
mas a vida vai tão depressa
que é preciso deixar contida
a tristeza
para que a vida que mal começa
tenha tempo de se acabar.
Não quero amor,
não quero amar
não quero nenhuma promessa
nem mesmo para ser cumprida.
Não quero a esperança partida
Nem nada do que regressa.
Quero um dia para chorar
Quero um dia para chorar
Dia para desprender-me dessa aventura
mal resolvida
Entre os espelhos já sem saída
Em que jaz minha face impressa.
Chorar sem protesto,
chorar.
Eu sei o que é a Primavera (?)

(Renatita)

do fundo do nosso quintal!



tô penando na nova série de telas, é um esforço de mata-leão!

tá saindo, tá saindo!!!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

V.S.



Finalmente esses dois sentaram a bunda no estúdio! Vejam aí a primeira música de tantas, do grupo Versus, do Skol e Vibox.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O passageiro

Quando, há alguns anos
Aprendi a dirigir um carro, meu instrutor
Me fazia fumar um charuto; e quando
Na confusão do tráfego ou em curvas difíceis
O charuto apagava, ele me tirava o volante.
Também contava piadas, e se eu não sorria
Muito ocupado com a direção, afastava-me
Do volante.
Eu estava inseguro, dizia ele.
Eu, o passageiro, me apavoro quando vejo
O motorista muito ocupado com a direção.
Desde então, ao trabalhar
Cuido para não ficar absorvido demais no trabalho.
Dou atenção a muitas coisas em volta
Às vezes interrompo o trabalho para Ter uma conversa.
Andar mais rápido do que o que me permite fumar
É algo que já não faço.
Penso
No passageiro

Bertold Brecht

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Vinheta do nosso grupo de quadrinhos...



Eu, Cristopher, Xandão e Alexandre de Mayo.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Todas as cores escondidas nas nuvens da rotina...

Queria nesse dia ardido
morar no mapa da Renatinha
feito de aquarela bonito.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Mujeres!!!





Lá na Casa de Cultura da Freguesia do Ó...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

chegança

com licença
dono da casa
anoitece eu vou chegar

com todo o prazer
terei de me apresentar
venho com desejo puro
de seus veios desbravar

filha de nossa senhora
de horas e outras horas
agradeço a paciência
de quem ama com urgência.

despedida

piso em seus botões
cheiro de rosa manchada
... peço agora?

gotejam seus dedos
as lágrimas que levo
em um jarro selado
e adeus.

contenta

contenta risca a
saia no chão
e descabida

um sol de fogo
no meio das pernas
que invade a
brita da rua
e mais...

triste

pois é quando o ponto mais turvo
de dentro da caixa do peito
assopra
um fino vento...

é um silvo
um meneio
manso
silêncio.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Império das Lampinhas!


Quem foi encheu os zóio dágua...




mais fotos: www.brasasarau.blogspot.com

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

terça-feira, 18 de agosto de 2009

...remendos...

Quero secar as minhas lágrimas
junto aos meus.
Desde os outros milianos,
adentrando rumos em segredo nosso.
Chegamos ao remédio do remediado
filosofias de remendo.
Hoje trabalho removendo
a terra do túmulo de meu avô.
Um elo quebrado
dos mares de demônios.
Sou filha do mar
e o meu olho é rasgado
pela sua praga que
azeda o caldo.
Não venha com sua maldade,
nos subterrâneos o martelo
inverte o desgaste.
Traz a sua reza fina
pra contemplar o que
não enche a nossa barriga.
Mas não chegue na maldade
porque nosso elo é

a vírgula.

O meu olho é rasgado, e
é minha alegria.
Silêncio diante da nossa imensidão
que a sua vista nem chega.

São nossos corpos,
prestenção,
de fogo
água
vento
montanha
terra
rio e
trovão

Aqui costuma morar o poço do mundo.
É um profundo onde eu
piso nos mortos e
respiro sua respiração.
Curamos então nossos umbigos

furtados

e assim eu digo
que há comida no prato
estamos salvos.
Guarde a sua maldade,
nossos passos são furtivos

tu desconheces

e o olho foi rasgado.

(eu, 2009)

sábado, 8 de agosto de 2009

Só a Mulherada!



Endereço do Sarau:
Bar do Carlita
Rua Prof. Viveiros Raposo, 534
(próximo ao ponto final do ônibus Ana Rosa - Brasilândia, em frente a Escola João Solimeo)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Música do Macalé!

Aqui vai uma singela homenagem ao amor carnal:

Açogueira

Eu vagava a esmo encharcado
Em martírio, tortura e desilusão
E ao cruzar o açougue da esquina
Meu olhar distraído ela raptou
Estava ela vestida de branco
Toda ensangüentada e com a faca na mão
Foi em torno de peças de alcatra
Que pude encontrar minha doce paixão

Açougueira
Nunca mais te esquecerei
Esses beijos de novela
O tesouro que eu ganhei
Açougueira
O meu mundo se incendeia
Meu coração não é um bife
Pra você jogar na grelha

Naquele tempo tudo era colorido
O sol raiava sempre em céu de brigadeiro
E eu era tua picanha em alta brasa
E você minha maminha na manteiga
Nossos corpos nas areias escaldantes
Com suor e salpicados de areia
No quiosque você pede um conhaque
Toma um porre e depois diz que me odeia

Açougueira
O meu mundo se incendeia
Meu coração não é um bife
Pra você jogar na grelha
Açougueira
Eu lhe peço, por favor
Não jogue todo o nosso caso
No frigorífico do amor!

Luiz Felipe(vulgar) Macalé

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Quanto Tempo o Tempo Tem








Hoje na Oficina dos Sonhos participou uma criança firmeza (deve ter lá seus 6 anos), chamado Vitor, filho da Sirlene. Assim que chegou pegou as tintas e nem se importou com a nossa presença, lambuzou o papel. No fim, olhando os desenhos um mais lindo que o outro, eu disse assim:

- Ô Vitinho, você tem futuro!

- Ah... mas Carolzinha... o que é futuro hein?

segunda-feira, 27 de julho de 2009

quarta-feira, 22 de julho de 2009

terça-feira, 21 de julho de 2009

Trágica

Me pegou pelos braços
e acendeu minha garganta
calando meu sossego
enquanto durmo.
Foi tomando cada cantinho
onde eu lavro esperanças
de vontades de sair correndo.
Se apossou de mim
como quem come a sobremesa,
ardendo tudo à minha volta
seu fogo implacável.
Eu dizia não
querendo gritar
me subindo o calafrio pelas
curvas das costas.
Em volta as paredes pingavam
por dentro era a dor desterrada
e eu dizia não,
querendo gritar
contra sua triste
sede de me tomar inteira.









... dedicado à minha gripe.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Voz Suja

Busquei o rosto das palavras,
mas todas passavam com pressa.
Sem tempo, leves e sem mágoa.
Não estavam tímidas, é que
não oferecei meu leito triste
como ancoradouro
por isso me ignoravam.
Por mim atravessavam águas,
e ilha não fui.
Raiz de que erva aqui nasceria,
para seu próprio fim?
Cultivo de ventos talvez,
que a tudo carrega.
Sou rio sem margem e sem pouso
inerte no fundo de mim.
Daqui partiram os girinos pequenos e
os peixes coloridos.
Intenção minha de ficar eternamente impura
cheia de lama.
De dia, sou espelho de quem passa
e aqui padece um reflexo.
Dou pontadas nos olhos
minha sina.
É voz suja que contém
a noite guardada
o movimento de minhas
pernas flutuantes.
Agarro vapores pela madrugada,
sorvendo delírios de
letras enfileiradas.
Palavras que sabia de cor, e que
por essa região vivem.
Mas sei, sou poço imundo que transborda
água infértil.

Sendo lama
na secura do verbo.

(eu, 2009)

sábado, 11 de julho de 2009

Destruidoras de Lares




Esse muro a gente fez (eu e Diolinda) acho que em 2007... coisa assim. Me rendeu o primeiro problema com as "Destruidoras de Lares", por que queriam-porque-queriam apagar o escrito. Apagaram assim que virei as costas.

Morro do Querosene, rua Padre Justino.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Os Rios que Corriam Lá

Acordei segurando um fio de sonho,
e tentei percorrer com as mãos os lençóis,
buscando os rios que corriam lá
as poças verdes de nuvens
que cheiravam a mesma coisa que senti
quando beijei seu pescoço
pela última vez.
O meu olho olhava o seu
e assim foram se afastando lentamente,
desfocando e se fechando para a rua
enquanto a lembrança se esquivava
de vez em quando me chamando.
Agora o que eu faço se quando
durmo e quando troco de roupa
fica esse sentimento inchado de palpitações?
Que eu faço na hora do jantar ou se tenho
que estender a mão para chamar o ônibus,
se minha razão tenta se conter em um véu
que cai até meus pés?
Fica assim segurando um fio
de sonho enquanto me corre
por dentro lava quente,
centrífuga de bater roupa,
multidão em disparada.
E meu exílio começa agora,
quando tiro a cabeça do travesseiro
e percorro a cidade.
Onde não mora mais
minha calma.

(Eu, janeiro de 2006)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

SARAU POESIA NA BRASA, UM ANO DE EXISTÊNCIA E RESISTÊNCIA!

Povo, eu fiz um recorte cole safado,
mas pra saber melhor dá uma olhada:
www.brasasarau.blogspot.com





DIA 4 DE JULHO TEM A GRANDE FESTA DE
1 ANO DO SARAU POESIA NA BRASA, A PARTIR DAS 18H.
O COLETIVO CULTURAL POESIA NA BRASA PREPAROU ALGUNS APRESENTAÇÕES MUSICAIS, ALÉM É CLARO DO NOSSO SARAU.

VEJA A PROGRAMAÇÃO:

QUILOMBAQUE ÀS 18H30
VELHA GUARDA DA ROSA DE OURO ÀS 19H15
RADIOGRAPHIA e QUILOMBRASA ÀS 20H
SARAU POESIA NA BRASA ÀS 21H

quinta-feira, 25 de junho de 2009

NÊGA

Essa poesia é de um moço muito firmeza chamado Vagner, que mora aqui na Brasilândia. A poesia é pra mãe dele, e coisa mais linda é ver ele recitando, pra ela. Quem quiser correr esse risco que venha participar do Sarau da Brasa.
Lá vai:



Nega, levanta pra acordar o dia nega,
Levanta, pois é com sua força que o seus vão trabalhar.

Nega, levanta e faz oração para o seu santo nega,
E pede por esse seu filho que já não sabe mais rezar.

Nega, levanta pega a bacia de roupa suja e vai para o terreiro nega,
Mas levanta poeira do chão se aqui alguém não te respeitar.

Nega, levanta e aconchega a criança no seu seio nega,
Canta pra ela a canção que tu me cantava e eu não sei mais cantar.

Nega, levanta e ginga esse seu corpo cheiroso nega,
Levanta a barra da saia, entra na roda e me ensina a sambar.

Nega, levanta porque agora você não é mais a moreninha nega,
Levanta seu cabelo crespo porque assim natural ele me faz delirar.

Nega, levanta porque tu és preta guerreira nega,
Levanta teu punho pro céu e grita bem alto que aqui ninguém mais vai te escravizar.


(Vagner)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A Bicicleta

Candeias nasceu Antonio Luiz, nos longínquos Minas Gerais. Andava pela rua de terra descalço, por que desconhecia sapato. Na cama que dormia havia mais alguns irmãos. Hoje eu pego em suas mãos, e peço bença. Ontem era eu as nuvens lá em cima querendo existir, os passos na roça caminhavam até aqui. Pois bem, como é sabido de cada um de nós a gente tem sonhos, e o desse menino, o Antônio, era ter uma bicicleta. Havia um negócio que sei lá, queria era deslizar pelas ruas e fugir do padre, da mãe parideira. Queria uma bicicleta e dentro da cachola cheia de cachos pediu pra Deus - isso mesmo, ousou fazer um desafio: você me dá uma bicicleta, senão docê eu desacredito. Passou ano e depois mais ano. Passaram. Os cabelos mais pixaim ficavam, nascia cabelo debaixo do braço e em partes que agora eu não vou citar. A bicicleta no sonho, e Deus desditoso negava um pedido tão ferroso. O menino cresceu e foi morar num lugar longe dos seus, um lugar do sertão chamado Montes Claros. Lá fez a última prece, porque tinha raiz forte no chão. Olhou em volta e se percebeu. Tanto menino sem bicicleta. Tanto menino sem bicicleta. Cuspiu no chão e enterrou, se Deus existe porque castiga os sem-amor? Quanta comida sem prato apodrece nos finos banquetes, e a cuíca ronca nos cantos de pau-a-pique sem cor? O menino fugiu e fez a sua vida que até aqui é bem cumprida, arrastou seus olhos por todo esse país e mais. Hoje eu ando na minha bicicleta com gosto, dada por meu pai, mas até hoje não me esqueci. E custo acreditar em Deus.

sábado, 6 de junho de 2009

FechÔ!

Outra coisa também que a gente tá em greve de blog mas não tá panguando. Eu e mano Réu, do coletivo Literatura Suburbana estamos preparando e dando os toques finais na nossa parceria de escrever um livro. Sim! Tudo começou quando os meninos fizeram um projeto pro VAI e ganharam. Os livros que vão sair dessa leva vão ser trabalhados em algumas escolas daqui da Zona Norte, em oficinas de literatura e sarais. Mano Réu me chamou e pronto: vamos dividir os textos e fiz também as ilustrações (e foi um trampo descobrir com o desenho onde a minha estrada e a do Réu foram se juntando, por caminhos tão diferentes). Fiquei orgulhosa do baguio, quando sair da fornalha eu dou um toque, povo.








Poetas Lascados


He poeta do gueto
Lascado por nascimento,
Jogado ao relento,
Pois os sarais bons estão concentrados
No centro,
Até que a academia diga ao contrario.
Ouvi dizer que
Idéia é a prova de bala.
Que essa merda de poema não valha nada,
Mas isso não é apenas um jogo de palavras
E sim a jornada dos poetas suburbanos
No jogo da vida.
Nossa publicação pode ser até tosca,
Mas é verdadeira.
Vendida em bares e lugares
Ruas para rappers e reperos
Nordestinos, pretos, brancos.
E por todo o gueto.
He, Poeta do Gueto,
Seu salário é o aplauso ralo
De uma platéia
Que me Ouve
E as vezes nem me entende!!!


(Mano Réu!)

Protesto

Andam tirando meu couro...

estou em greve de lida, de escrita
e de vida.

Andam tirando meu couro...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Perdi meu caderninho!

Perdi meu caderno véio de guerra no bar do Carlita, lá na Brasilândia. Quem mandou encher a cara no sarau? Pois é povo, quem achou me dá um salve aí faz favor!
Vou mandar um vídeo aí do Sombra... falow





http://www.myspace.com/semsombradeduvida

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Poeminha da Monica!

"sem título"

Meu corpo suas mãos
minhas mãos seu corpo
conversam
gestos sem palavras
olhares que falam
pelo silencio
desconexo?
Não,somente um diálogo
onde palavras ditas...
Poucos significam?
Quando pronunciadas,
no ar ficam.
Percebo algo contido
apesar de também conter-me
Valorará tudo
quando no seu tempo ocorrer
Por ser oportuno e no seu certo momento
o seu sorriso é bonito
seu olhar é profundo
Me faz bem
é bom
somente.

domingo, 3 de maio de 2009

Poema da Babi...

Desfiz as tranças crespas de meu cabelo e desalinhei.
Resolvi por desobedecer todas as linhas do rosto.
Sujei a face, borrei todos os lábios de um batom também esfacelado.
Enlouqueci ali. Afundei em surto imundo.
Cortei, arranquei as partes do meu corpo.
Até desabar aquelas idéias mortas,
penduradas em cada fio da minha pele,
e encontrar uma imensidade de belezas
insuperáveis ali,
bem ali... naquela entranha de mim.

(nega Babi).

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Cores da Vida

Senti na pele isso que o povo fala que os jornalistas colocam palavras na boca. É meio estranho, parece que é outra pessoa ali no meu lugar. Isso que dá: de uma hora e meia de conversa sairam 20 linhas editadas para construir outro texto que não sai da gente! Mas reclamações à parte, fizeram uma entrevista comigo aí:

http://catracalivre.uol.com.br/2009/04/cores-da-vida/

Torto a direito




No Sarajevo

domingo, 12 de abril de 2009

o idiota

Com licença meus colegas
daqui não me fica mais nada
levei comigo tudo que é meu
guardado em um pote tampado
e fico bem assim
vou ficando bem assim
penso que é do meu pensamento
as curvas do caminho
os trechos que vou entalhando
sozinho nessa meada sem fim
vou me quase fazendo parte
sem deixar de ser de mim.
e fico bem assim
vou ficando bem assim
vendo sorrisos nos rostos
tristezas e caras de agouro
não sei o que tanto conversam
o que tanto ouvem por aí
vou fazendo a minha cama
o meu prato a minha cria
e fico bem assim
vou ficando bem assim
chamarei de felicidade
o que eu empocei aqui.

domingo, 5 de abril de 2009

Cantos

Não arresisti. Enquanto mergulhava de cabeça no livro que o Marcelino me deu, quis compartilhar este conto. Faz parte do livro "Contos Negreiros", de 2005.


Trabalhadores do Brasil

Enquanto Zumbi trabalha cortando cana na zona da mata pernambucana Olorô-Quê vende carne de segunda a segunda ninguém vive aqui com a bunda preta pra cima tá me ouvindo bem?

Enquanto a gente dança no bico da garrafinha Odé trabalha de segurança pega ladrão que não respeita quem ganha o pão que o Tição amassou honestamente enquanto Obatalá faz serviço pra muita gente que não levanta um saco de cimento tá me ouvindo bem?

Enquanto Olorum trabalha como cobrador de ônibus naquele transe infernal de trânsito Ossonhe sonha com um novo amor pra ganhar 1 passe ou 2 na praça turbulenta do Pelô fazendo sexo oral anal seja lá com quem for tá me ouvindo bem?

Enquanto Rainha Quelé limpa fossa de banheiro Sambongo bungo na lama e isso parece que dá grana porque o povo se junta e aplaude Sambongo na merda pulando de cima da ponte tá me ouvindo bem?

Hein seu branco safado?

Aqui ninguém é escravo de ninguém.


Marcelino Freire

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Tambor, tambor... vai buscar quem mora longe!

E foi assim:








Dimas


Douglas


Marcelino Freire


Sônia


Ahhhhh! Dia 7 de Abril, 23hrs
vou levar uns trampos no Sarajevo...
Rua Augusta. Apareça quem puder $$$.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Sarau da Brasa

Salve!!!



Vejam aí como vai ser a tal da exposição da Carolzinha no sábado:
wwww.brasasarau.blogspot.com

quarta-feira, 25 de março de 2009

Já tá tudo planejado...

Vocês podem pensar que não, mas as destruidoras de lares existem... prova disso foi a conversa que a Beatrice ouviu numa van "Casa Verde" dia desses. Não queiram topar com uma assim em suas camas meus amigos. O diálogo foi mais ou menos assim, sem mais nem menos. E quem escreveu essas palavras foi a própria Bea:

- Ele acha que é assim... Tudo pode fazê. Nããããããããããõoooooo! Num é assim não. Eu num me conformo. E eu só pensava nela, como eu ia fazer com ela, mas aí eu pensei: ele também merece, me enganou tanto tempo, vô mata ele também. Vão ficar junto? Vão sim! Mas é embaixo de sete palmo de terra. Eu vou matar os dois.!! Eu faço a cama: ligo pra ela pra tomar uma cervejinha. Ela num aceitô ainda, mas vai aceitá e o dia que ela aceitá eu vou levar ela lá pra um barzinho que eu gosto e vou descarregar a caixa de bala que eu comprei. E depois, eu mato ele, termino as bala todinha nele. O meu filho? O meu filho vai ficar com a minha mãe. Ela cuida. Eu passei 17 anos da minha vida presa a um casamento, que deu nisso. Num tem problema passa mais 17 presa de novo. Faz um ano e oito meses que eu não tiro férias... 17 anos e 11 com outra! Num agüento! Já tá tudo planejado e ele tá crente que eu perdoei ele e eu tô um doce . Tudo que ele pede eu dou, ele queria um carro mais com o salário de 600 reais, como ele vai pagar parcela de 450? Eu sempre ganhei mais que ele, então eu comprei o carro. Porque eu ganho 1200, e dá pra comprar...
Se ele precisa de gasolina pra se divertir ,eu encho o tanque!!!! Tô tratando ele muito bem.O que ele não sabe é que eu rastreio o carro dele. Pus detetive atrás dele. 200 reais, ele me dá relatório com foto, todo dia me liga. Hoje mesmo eu já falei com ele. E desde que eu pus o detetive ele vai do trabalho direto pra casa, chega cedinho, bem bonzinho... Até parece que já sabe que vai morrer de graça.
E olha, que ele nem desconfia. Eu tô fazendo aula de tiro e ele acha que eu tô trabalhando. Mas eu tô fazendo aula pra acertá a cara deles. Faço lá no centro de terça e sábado e ele acha que eu tô trabalhando. Eu me fodendo. Eu trabalhei demais. Eu trabalhando em dois empregos e ele lá trabalhando das 6:00 as 2:00 da tarde. E ficava o resto do tempo com a sirigaita. Que falta de consideração. Não pensou um dia em mim, não pensou. Onze anos não são onze meses, não são onze dias e o filha da puta não pensou um minuto em mim. E ela? O que ela deu pra ele? Nada! Deu cama? Deu cama??? Eu pelo menos tive um filho com ele, dei um carro, construí minha casa. Eu sempre ganhei mais que ele... E ela deu cama??? Mas é assim, o detetive fica tentando me convencer pra não fazer isso, que eu vou estragar minha vida... Mais do que ela já tá estragada? Num tem jeito, já tá tudo planejado, os dois vão morrer.

terça-feira, 24 de março de 2009

Sonho que se tornou realidade




Ontem saímos todos lá da formação no Tomie, felizes da vida pra tomar nossa religiosa cervejinha, mas antes passamos lá na pracinha. Conversa vai conversa vem... avisto dois gambés de arma na mão vindo a milhão na nossa direção. É a Tática. Todos com a mão na cabeça, aquele papinho, jogando verde... e lá se vai mais de meia hora. Nesse meio tempo, passa a nossa educadora. Ó que fita... fica lá pra amansar o seu gualda, manda chamar a diretora pra não levarem nóis. Foi a maior confusão. Resumindo: esses sonhos que tenho andam me assustando.

Vide mais pra cima: "Sonho de Hoje"

segunda-feira, 23 de março de 2009

domingo, 22 de março de 2009

Divinéia (poema do Akins)

Continuando as cantorias pra Zona Norte, achei esse poema lá em casa
que homenageia a Divinéia...

"Humildemente meu sentimento
de quem foi maltratado pela vida
e dos venenos feito
se possível a licença de lembra os detento

não por nada, sou nada se for cada um no seu cada
palavras boas ouvi do fininho e do Ada,
a liberdade dos meninos tarda, sorri os de farda
Milhares são as baixas, as tias manifestam queimam pneu põe faixa.

os muleke tocam caixa, vão pro tudo se não der racha,
mais relaxa só! Carnaval, três de dias de noite de suor,
esquecendo a neuroze do mocó, ó gingado da porta bandeira
vai acompanhado não só, força pra trincheira,

no zirigdum da segunda com a terceira, samba não acaba quarta feira
terças e quintas se tem dor traga, foge as pragas bate o repenique
e afogue as magoas, dessa fonte inajar beba da água
Pura feita, Maria-louca de acordes, vinda do peito voz roucas os pagodes
bandolins e toque os tamborins, deixe que as cuícas chorem por mim,
e descarga toda, essa vida amarga.

Que traz esses olhos tristes, que resiste, o choro acumulado
Que um par de anos insiste, em ter um fim, sim, sim, sim
calor e eloqüência, e um belo sorriso
nos olhos das crianças sinto cadencia, é o que eu preciso

tenho paciência, caminho com eficiência aprendo mais vivência,
com nego véio e as coroas, nesses becos sujos um pa de gente boa,
na humilde a gente chega, qualquer viela, um beijão pro dega
no barraco da dona istela, ei to! num to atoa na minha ideia
se o bloco é inajar o terreiro é divineia
Os batuques, devoção meu poema traz axé, se der inajar.

Num deu zebra, deu jacaré, e um a par de leão, pode bota fé
Jão! Leal tipo nos campos vestindo preto e branco, sou franco
E os treinos foram os trancos e barrancos, cos traumas e malicia
Aprendemo olhar frio os carros da policia
O humilde sentimento que proponho
Que esses fila da puta num acabe com esse sonho
Os que atrasa nois gruda, brasa se bagunça a casa.

Buda! Se nois num se ajuda deus nos acuda
E abra vala, se o caminho é aberto à bala.
Entristece as alas, endurece o mestre-sala,
Até us mais ruim sei que a dor entala
Maltrata corrói se pá, o peito de qualquer.

Brilho meu zói, a bandeira do inajar,
nos braços daquela mulher, e as ruas estreitas
meu coração laça, meus olhos na espreita
de um viver melhor é taça
ai cobre nosso semblante de sarro
quando não vestirmos o sufocante barro
o tamborim toca lá no coração
sei que divinéia é favela em ação
as inspirações vem de lá, de cada um sofredor
quem faz com amor já é vencedor"

Akins Kinte

quinta-feira, 19 de março de 2009

A PELEJA DO PADRE PARA VENDER A IGREJA (Poema do Augusto)

A história que narro aqui
não é invenção minha.
Claro; aumentei um pouco...
Mas ela não não foge da linha.
Vou contar porque tão vendendo
a Igreja de Piraporinha.

O imóvel em questão
sempre esteve ali; imponente.
E acredito que foi visitado
por muitos aqui presentes.
Hoje o povo fica intrigado
com aquela placa escrito:"Vende-se"

O padre daquela paróquia
era um tipo espevitado.
Bebia uma canjebrina.
Fumava até um baseado.
E sempre rezava a missa
de um jeito alterado.

Só pra ilustrar a história
vou aqui rememorar
a vez que ele falou que Jesus
nasceu em Belém do Pará.
E que Herodes era um cabra safado
que merecia apanhar.

Era mesmo um padre doidão
que falava o que bem queria.
As vezes enchia a cara
com o vinho da sacristia.
E uma vez disse que Deus
traiu José com Maria.

A verdade é que o padre
ia até no Guarapirão.
E foi lá que ele se meteu
numa puta confusão
quando cobiçou uma mulher
que dançava lá no salão.

O padre além de doidão
era também bem gaiato.
Quando viu a mulher dançando
pensou logo no ato;
"Essa morena-rôxa
vô batizar no meu quarto."

Mirou a morena dançando
e foi lá encarar a treta.
Chegou na mulher e sem dó
mandou logo essa letra:
"Tô doido pra dançar contigo
esse forró do Calcinha Preta."

A mulher logo pensou:
"Vou papar esse otário!"
Ela já conhecia o padre
de outros intinerario.
E tava muito disposta
a dar o golpe no vigário.

Ela falou: "Eu quero
dançar com você o forró."
Os dois, atracados na pista,
parecia até um nó.
E até o dia clarear
caíram no forrobodó.

Quando as luzes ascenderam
o DJ falou a todos:"Vaza!!!"
O padre para cima da mulher
arrastou a suas asas.
Chegou na bonita e falou:
"Vamos lá pra minha casa."

A mulher pensou: "É agora
que eu faço a minha feira."
A danada ainda ficou
fazendo uma de faceira.
Mas logo foram pra igreja
e furunfaram a noite inteira.

Passada a ressaca dos dois
a vida seguiu como antes.
O padre aprontando das suas
nem ligava pr´os falantes.
Mas o caldo entornou mesmo
quando apareceu a gestante.

E foi no meio da missa
que deu-se a anunciação.
A mulher era pimenta
e armou um barraco do cão.
Dizia que queria uma casa,
um carro e ainda pensão.

O padre pensou c´os botão:
"Agora a casa caiu.
Que mulher desgranhenta.
Vá pra puta que pariu!
Ou Deus me abandonou
ou ele nunca existiu."

Depois do DNA feito
e a paternidade comprovada,
a mulher meteu um processo
pedindo uma puta bolada;
Eis porque a casa de Deus
esta sendo comercializada.

Falou Augusto, o Poeta...
Também tido como rufião.
Trazendo para os presentes
mais uma obra de ficção
que pra vir pro mundo real
não tá tão difícil, não...

sábado, 14 de março de 2009

Sonho de Hoje

Sonhei que andava pela praça da Sé acompanhada de alguns amigos. Fomos avisados por duas mulheres mais velhas que participaríamos de uma formação, e entramos em uma van onde aguardavam sentados algumas outras pessoas com cara de: sefudemos. Fomos vagueando, dentro do carro e paramos em um lugar onde teríamos uma oficina de ENQUADRO. Aí as moças davam uns telefones na oreia da gente e falavam: agora vocês não podem chorar.
No final, ganhamos 100 reais em nota verde por ter participado da formação.


Acho que ando estudando demais. Por hoje é só.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Em face dos últimos acontecimentos

Oh! sejamos pornográficos
(docemente pornográficos).
Por que seremos mais castos
Que o nosso avô português?

Oh ! sejamos navegantes,
bandeirantes e guerreiros,
sejamos tudo que quiserem,
sobretudo pornográficos.

A tarde pode ser triste
e as mulheres podem doer
como dói um soco no olho
(pornográficos, pornográficos).

Teus amigos estão sorrindo
de tua última resolução.
Pensavam que o suicídio
Fosse a última resolução.
Não compreendem, coitados
que o melhor é ser pornográfico.

Propõe isso a teu vizinho,
ao condutor do teu bonde,
a todas as criaturas
que são inúteis e existem,
propõe ao homem de óculos
e à mulher da trouxa de roupa.
Dize a todos: Meus irmãos,
não quereis ser pornográficos?

sábado, 28 de fevereiro de 2009

O carinho

A câmera de tirar fotografias tentou, mas não emparedou o ar que passava fininho entre os dentes sorrindo. Não ouviu o som das buzinas em dia de final do Corinthians que nem a gente ouviu. Nunca vai. O olho passou e viu uma massa, e nem reparou no rastro de mofo da parede nua, encruada de noite após noite. E assim também, meu bem, são minhas palavras que tentam te abraçar, buscar esse momento que vai indo. A palavra não chegou pra dizer aquilo que é alegria de um jeito meio torto, sem sorriso nos lábios por ser mais profunda do que isso. A palavra acenou, em vão, cumprindo meio-dever. A palavra que me sai de vento da boca nem chega a ser brisa que comove. Por favor, aceite estas palavras como um abraço que eu dou sabendo da minha ausência: porém, preencha todos os buraquinhos entre nós com a sua imaginação, faça um recheio de ar que te sustenta a cabeça os ombros os músculos da tua pálpebra. Imagina só eu te dando um abraço inteiro, perfeito, que nem mesmo eu poderia te dar.


Para o vô Vete.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Zona Norte Show

um ritmo e poesia quebrado
sairiam desses morros sem fim
onde tem barraco tem terra
na Cantareira da serra
antenas entre pipocos loucos
brincando de combustão...
cantando o jogo do coringão.
só quem conhece o setentinha
o treme-terra, a brasilândia
só quem conhece a cachoeirinha
o piscinão, o damasceno
enfiando o pé nesse atoleiro
de cima a baixo,
criando caso, exausto,
é que consegue gritar:
inajar, dois olhos
de remediado espelho!

quem não se arrisca dorme cedo.

Meio-tom

Era um dia cinza de São Paulo, cinza mesmo, meio-tom de céu destoando da arruaça que movimenta o Centro. Liguei pra ele me acompanhar, que sozinha ia ser ruim demais. Fazer correria, andar que nem formiga nessa cidade fria. Fomos meio assim atrasados, a chuvinha fina ia comendo o resto de quentinho da blusa, mal cabíamos no guarda-chuva de bolinhas. Rua Direita, Largo São Bento, do Paissandu, Santa Efigênia. Moço que canta, moço que faz embaixadinhas, moço que tá no trecho e chora... chora. Buscamos o preço que posso pagar, buscamos um teto pra fugir da ventania, buscamos conversar nessa barulheira. Zanzada, zonzeira, a fome aperta: É um e noventa, é dois e cinqüenta. A bixiga também pede, no meio da rua comercial. E no meio desse fuzuê meu mundo pára pra ouvir o carinho, voltando meus ouvidos prum ninho perdido... Ninguém que passava na Praça da Sé parou, nem o corneteiro, nem o camelô.

- Vamos procurar um lugar limpinho (disse ele cafunezando os meus cabelos).

O tempo estancou, parou de correr aflito pra estalar num beijo gostchoso.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Arruaça é a puta que o pariu.

o Jornalismo canalha não para.
Expõe protesto como arruaça, como bagunça, e em nenhum canal, em nenhum jornal explicaram que tudo começou por um atropelamento.
Paraisópolis não pode se manifestar, manifesto é ter trailer lotado de gente fantasiada na Paulista.
Paraisópolis não pode achar ruim de ter mais um menino morto por causa de uma simples lombada ou um sinal, tá faltando farol em São Paulo? acho que não, vai pro Jardins, vai pro alto de Pinheiros e você vai ver onde eles se concentram, para evitar que o boy com a cara cheia de álcool, coca, maconha volte da balada e corra algum risco.
aqui! pancada, rojão, pneu queimado, tudo isso pra mostrar pro estado porco que agente dá valor pra uma vida.
fotos fotes, notícia quente, e nenhum morador falando, só as cenas de confronto, quando os robocops chegaram, com medo...medo sim, de que os favelados fossem para o vizinho, famoso "Morumby".
Num esquenta "ortoridade" que ninguém ainda se tocou que devia querer mais, dessa vez passa batido, só querem um farol.

abaixo carta da União de Moradores de Paraisópolis.

Os moradores da comunidade de Paraisópolis enfrentaram nesta segunda-feira, 2 de fevereiro, um dia marcado pela irracionalidade.
Carros queimados, bombas e tiros trocados impediram que trabalhadores saissem de suas casas e crianças voltassem de suas escolas.
Milhares de vidas foram colocadas sob um imenso risco.
A União dos Moradores lutará com todas as suas forças para que essas cenas nunca mais voltem a se repetir em frente as nossas casas e ao lado de nossos filhos! Gilson RodriguesPresidente da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis

PS: vamos usar os nossos canais de informação para isso, para mostrar o outro lado dos acontecimentos, essa é a grande vantagem dos blogs.

por Ferrez

o que me atravessa



me atravessa na cidade, esse asfalto
cor de pó roxo, esse engodo
todo

me atravessa a catraca, a potranca
do alto-falante, a pipoca o
estouro

do motoboy, me atravessa a tristeza
do mar longe, da árvore verdejante
dinheiro

me atravessam os pedestres falantes
a loja gritante, as putas e mães
passistas

me atravessa um risco no meio, um olho
que vê o feio e uma parcela de bonito
arisco.




www.flickr.com/photos/puta_madre