Acordei segurando um fio de sonho,
e tentei percorrer com as mãos os lençóis,
buscando os rios que corriam lá
as poças verdes de nuvens
que cheiravam a mesma coisa que senti
quando beijei seu pescoço
pela última vez.
O meu olho olhava o seu
e assim foram se afastando lentamente,
desfocando e se fechando para a rua
enquanto a lembrança se esquivava
de vez em quando me chamando.
Agora o que eu faço se quando
durmo e quando troco de roupa
fica esse sentimento inchado de palpitações?
Que eu faço na hora do jantar ou se tenho
que estender a mão para chamar o ônibus,
se minha razão tenta se conter em um véu
que cai até meus pés?
Fica assim segurando um fio
de sonho enquanto me corre
por dentro lava quente,
centrífuga de bater roupa,
multidão em disparada.
E meu exílio começa agora,
quando tiro a cabeça do travesseiro
e percorro a cidade.
Onde não mora mais
minha calma.
(Eu, janeiro de 2006)
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