segunda-feira, 23 de junho de 2008

De arrepiar os cabelim do braço

Essa história se deu e se dá, lá pelos lados de onde o vento faz a curva, em uma região chamada 3ª Divisão na Zona Leste de São Paulo...

Pois bem, dizem os moradores, que há vinte anos atrás nasceu um Menino muito alegre e, para comemorar esse acontecimento, os pais do Menino plantaram uma árvore. O tempo se passou, e na medida que o Menino crescia, a árvore acompanhava até dar muitos frutos e flores. Porém, por uma dessas brincadeiras do destino, o Menino morreu de morte matada. Com raiva dessa fatalidade os pais foram até a árvore e a derrubaram, jogando a tora em um terreno baldio no alto do morro. Porém, quando baixa a noite e principalmente se é lua cheia, dizem que a árvore chora orvalho e sai rolando pelos barrancos, pelas ruas... e depois volta subindo pro terreno baldio... em silêncio...

BUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!!!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Salve Família



Olha a mulecagem!

Salve Família


Esse aí é outras idéia... Diz aí Le Balthê!!!

Eu sou favela, latino-americano
aqui beira do Pira Clementino suburbano
sem código penal, sou afro-brasileiro
não dependo da sorte é correria o ano inteiro
Ascendente da Abissínia, Rainha de Sabá
malandro, quilombola, água preta, quipapá
Agreste Pernambuco terra de Lampião
que antes de Che Guevara comandou revolução
A benção padim-Ciço Antonio Conselheiro
nunca vai batê banzo de porão navio negreiro
E hoje a idéia louca de Ordem e Progresso
na roda da História só me quer no retrocesso
Vai sentir pelo choque que aqui cultura ferve
É Preto Soul Zona Sul:
Hei doidão nem esquece!!!

Baltazar - vulgo Le Balthê

www.myspace.com/pretosoul

domingo, 15 de junho de 2008

Oi sim sim sim, Oi não não não

Na letra de lápis descanso a vista, sonhando com o seu horizonte. Já fui mulher feliz em outros rios. Já penei em chãos de areia, miguelagens de quem muito resfolega e desconversa. Mas eis que uma fagulha pipocou no céu e caiu no asfalto, trançando o meu e o seu passo. Pois bem, por bem, entrevi um laguinho com água fresca, de cimento sem reboco e uma florzinha. E ali todas as vozes queridas, e ali a brisa que balança a rede. Um beijo desses com vontade de comer goiabada e queijo, os momentos sem modos e sem educação, devorando tudo com gosto, entornando a sede. Cada tijolo encimando o outro, a malícia malandragem sem maldade que queima a vista. O mundo que você vai dedilhando assim, meu olho apequena. A rua já era sua sem licença, percorrendo com os pés descalços, batendo latas, batendo boca. O mundo é uma grande mistura, tem perigos. A morte entreolha nas brincadeiras de criança preta, nas quebradas das vias. Sério mesmo, coisa de homem. Comer marmita fria e desgosto de pobre. Sério é quando precisa ser homem, cuidar da cria. Quando é domingo a mente descansa e balança na rima, que engancha na batida. É o que você mais ama? Ritmo e Poesia. Mandamentos nobres. Pois é essa a ética, uma palavra forte não desmancha, representa na favela. É coisa que não se ouve na escola, é outra estória. É uma manha que cora o canto do olho sorrindo, é um sorriso que não aceita qualquer presente. Toma posse do meu carinho, confundindo a ponta dos meus dedos nos redemuinhos, de cabelo pixaim. É uma alegria que se joga, um tombo comemorado. Cuidado. Um sopro curando meus cortes. Alisando o dorso. Querendo abrir todas as portas do mistério, chamando ancestrais, subindo montes atrás das chaves. Coragem. A ti ofereço letras de lápis.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A Carta da Beatriz


Sempre fui tirado
a ler e escrever poesia.
E desde mulecotinho
pegava a caneta e escrevia.
Mas saia cada tosqueira
que parecia o cú da gia.

Os meninos da minha classe
me ensentivavam a escrever.
Gostavam das sacanagens
que eu insistia em escrever.
E pedia rimas novas
pro gererê-gererê.

Mas o que eu quero relatar
é uma passagem engraçada
que aconteceu comigo
qundo arrumei namorada.
Já namorava ela à meses,
e ela sem saber de nada.

Até hoje me lembro
o jeitinho da infeliz.
Branquinha, cabelos negros...
e se chamava Beatriz.
Fiquei caidinho de cara,
mas ela nunca me quis.

E nessa gastura louca,
eu esperava na esquina.
E na hora do recreio
pagava doce na cantina.
Ela pegava o mimo
e ia lá comer com as meninas.

E eu todo acabrunhado
pedia a Deus: "Por favor...
o que eu faço pra sair
dessa agônia que eu tô?"
E uma voz retumbou alto:
"Escreva uma carta de amor!"

Então escrevi a carta
com rimas e mil floreios.
Mas como entregar a bicha?
Naquele tempo não tinha e-mail.
Então fiquei esperando
a dita hora do recreio.

E quando tocou a sineta
e saiu toda a galera
me esgueirei pelas carteiras...
deixei a carta nas coisas dela.
Mas confundi as mesinhas
e deixei nas coisas da Marcela.

Marcela era a garota espinhenta
chata, fofoqueira e falsa.
Toda sala tem uma assim;
que na de todos imbaça.
E sempre que tinha prova,
ela mijava nas calças.

Então fui curtir o intervalo
com toda animação.
Louco pra ver Beatriz
e a sua reação.
Agora, imagine a minha
quando vi a Marcela
com minha carta na mão.

Quando vi aquela cena
logo pensei: "Fudeu!"
Marcela mostrava pra todos
e falava quem remeteu.
E a escola toda aclamava
que o namorado dela era eu.

Depois de anos passados,
adotei o estilo Calígula.
E quando quero uma mulher
não ponho ponto nem virgula.
E concordo com Pessoa
que todas as cartas de amor
são ridiculas.

(As quais ainda insisto em escrever...)

O Augusto

terça-feira, 3 de junho de 2008

Abstrato


Opá! Tô enviando a mensagem de mais um rapaz comum, vagabundo assim criado na rua, sem querer querendo...
Apresento o Mestre de Cerimônias Skol:


"Compreende e sente o local da nascente
de onde nascem e florescem versos
de um universo inverso
eu meço peço
ajuda de um mundo totalmente paralelo
tão sinistro e horripilante
e ao mesmo tempo tão singelo.
Um elo amarelo da corrente quebrada
precisamente serrada, por canalhas
desviados do caminho, tiraram fino do menino
na estrada...
Carregando cartolina e usando uma sandália
um uniforme da escola, um distante horizonte
porque o mundo é uma bola,
mas a alegria está tão longe.
Difícil, mas não impossível, em um nível mais alto
acenderam um cânhamo, no chão do asfalto,
de tão quente que estava, o calor já
atravessava a sola da sandália.
Mas o menino não pára
continua na caminhada
porque um dia ele alcança.
Ainda tem esperança, coitado...
É apenas uma criança.
É abstrato...
Vem de dentro da mente
a mente de um louco
só outro louco entende".
(Skol)