beliscou o meu cotovelo
e eu contei o sonho -
o do aquário e as
sementes dentro de casa.
bateu nas telhas
a força da chuva
e eu, meu Deus,
com apavoro
só rezava pra semente
que se fosse
e o teto
e os lençóis
e o belisco dos
teus dedos
na carne.
eu só rezava
pela casa,
o teto
e as quatro paredes
molhadas
já florescendo as
telhas
do meu ventre.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
No início era o Verbo
Andava devagar pela saída da escola com as veias palpitando de cansaço. Viria a noite depois, como sempre, secar a cor amarelada dessa tarde cachorra? Tanta coisa. Só não sabia a causa do cadeado repentino que ia trancando a língua, logo depois da prova de português. Questão um, letra bê. Palavra não mais falava, só se esquecia. Conseguiu quase entender o meio-fio, a lua da unha e a unha da lua. Pulou de uma pra outra. O Nome, os nomes já não anunciavam. Havia garganta para tatear e o sopro que dela avoa e respira. A pinça da vontade que vai coroando as frases também, quase dizia. Até buscava a letra, a liga. Puxava do avesso para lembrar as rodinhas do "esse", a volta do "gê". Não casava o desenho sem o som, destoavam solteiros. O mundo desnudo das palavras ia se estreitando nos olhos como exigência sem fundura. Coisa dura e aterrorizante. Gritou? O meio-fio entornou a faixa de pedestres e desapareceu. O último gesto ia desabando em foice no tempo. Esquecer as frases apagou o desconcerto, a melancolia e seu texto cinzento. Ela já não durava, lembrava manchas vagas onde não se reconheceu.
Só não fechou os olhos porque não existia.
Só não fechou os olhos porque não existia.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
A chuva clariô a noite
... foi debaixo de chuva, que pegamos dois ônibus lotados com a mulher recortada de papelão nos braços. O povo do buzão ia passando de mão em mão, por cima abrindo o caminho. Chuva moiô, tudinho. A lona se mantia firme, a lâmpada explodia. Chegamos no Clariô pra encontrar braços abertos, pão e café quentes. Fomos achar os pregos que marcam, a conversa boa com a Raquel Trindade, o caldo de feijão pelando já saía. Montamos lá, eu e minha comparsa, a moça recortada, desenho do chão. A roda girou até tarde.
E no fim o menininho pulou em cima das linhas feitas de fubá, que era pra pisar mesmo, e recolheu com todo o cuidado do mundo as poeira amarela pra sua coleção de poeiras...
logo mais coloco aqui algumas fotos da zueira lá no Clariô.
E no fim o menininho pulou em cima das linhas feitas de fubá, que era pra pisar mesmo, e recolheu com todo o cuidado do mundo as poeira amarela pra sua coleção de poeiras...
logo mais coloco aqui algumas fotos da zueira lá no Clariô.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Morro Doce - dois poemas da Ciça
Neste sol calado
Vivemos afogados
Nesta cidade
Sem rio...
Entre morros verdes
Fugas concretas
de casas entre-postas
Num respiro
Sutil...
E no ar,
Voam soltas...
Grudam as pipas,
Escorrem pelo fio.
(Ciça)
Vivemos afogados
Nesta cidade
Sem rio...
Entre morros verdes
Fugas concretas
de casas entre-postas
Num respiro
Sutil...
E no ar,
Voam soltas...
Grudam as pipas,
Escorrem pelo fio.
(Ciça)
Mais um da Ciça
Trânsito parado
Ônibus lotado
A mulher canta a Jesus...
Não usa salto
Apenas sua cruz
e a luz clamada
apenas esquenta
sua vida mal amada...
(Ciça)
Ônibus lotado
A mulher canta a Jesus...
Não usa salto
Apenas sua cruz
e a luz clamada
apenas esquenta
sua vida mal amada...
(Ciça)
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
pausa
manhã das horas,
pequenas areias
que levo no bolso.
os passos são curtos,
apertados,
são muitos que tenho.
brasas das tardes
fuligem dos acordes.
estrelas estrebuchando
no céu, enormes.
côro zuado
minha nota ecoa
brava, na noite.
e esse cinzento
das horas que apalpo
não colore
o tanto que tenho.
(novembro 2009)
pequenas areias
que levo no bolso.
os passos são curtos,
apertados,
são muitos que tenho.
brasas das tardes
fuligem dos acordes.
estrelas estrebuchando
no céu, enormes.
côro zuado
minha nota ecoa
brava, na noite.
e esse cinzento
das horas que apalpo
não colore
o tanto que tenho.
(novembro 2009)
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Último QuintasOito do ano!!!
Tambores da Noite
Minha gente,
enquanto uns nascem por aí, eu vou abrindo os braços!
E além disso, vem que nasce o livro do Carlos de Assumpção,
que eu tive a aventura de fazer os desenhos!
Sabe que? Vai ser bonito demais! Quem tiver cor age que venha conosco.
Confira a programação
dos lançamentos do livro
"Tambores da Noite"
*
Dia 19 (quinta-feira)
20 horas
Bar do Cláudio Santista
Rua Jurubim, 788-A. Pirituba. Zona Oeste.
Entrada franca. (11) 3906-6081 c/ Raquel e Michel.
elodacorrente@hotmail.com
*
Dia 20 (sexta-feira)
16 horas
Centro Cultural da Juventude
Av. Dep. Emílio Carlos, 3.641 – Vila Nova Cachoeirinha.
Zona Norte. (11) 3984-2466.
http://ccjuve.prefeitura.sp.gov.br
*
Dia 21 (sábado)
19 horas
Bar do Carlita
Rua Professor Viveiros Raposo, 234
(em frente da escola E.E. João Solimeo).
Brasilândia. Zona Norte.
(11) 3922-8593.
brasasarau@yahoo.com.br ou http://brasasarau.blogspot.com
enquanto uns nascem por aí, eu vou abrindo os braços!
E além disso, vem que nasce o livro do Carlos de Assumpção,
que eu tive a aventura de fazer os desenhos!
Sabe que? Vai ser bonito demais! Quem tiver cor age que venha conosco.
Confira a programação
dos lançamentos do livro
"Tambores da Noite"
*
Dia 19 (quinta-feira)
20 horas
Bar do Cláudio Santista
Rua Jurubim, 788-A. Pirituba. Zona Oeste.
Entrada franca. (11) 3906-6081 c/ Raquel e Michel.
elodacorrente@hotmail.com
*
Dia 20 (sexta-feira)
16 horas
Centro Cultural da Juventude
Av. Dep. Emílio Carlos, 3.641 – Vila Nova Cachoeirinha.
Zona Norte. (11) 3984-2466.
http://ccjuve.prefeitura.sp.gov.br
*
Dia 21 (sábado)
19 horas
Bar do Carlita
Rua Professor Viveiros Raposo, 234
(em frente da escola E.E. João Solimeo).
Brasilândia. Zona Norte.
(11) 3922-8593.
brasasarau@yahoo.com.br ou http://brasasarau.blogspot.com
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Presságio da Primavera
ontem revirando meus velhos cadernos achei uma poesia da Renatinha, que ela me deu faz um tempão. Lembrei porquê, e hoje parece que faz de conta ela me deu ele tudo de novo, porque entrou bem no buraquinho que estava abrindo em mim.
lá vai
Presságio da Primavera
Se é ou não é a Primavera
Veja só.
Você pode olhar para as flores
enquanto eu olho para o chão.
Ontem foi dia de festa
hoje é solidão.
E eu sei que não estou vazia.
Não há futuro,
sinta só
que eu não posso olhar para trás.
Amanhã eu vou embora
daqui ou de qualquer lugar.
Não importa, eu estou.
E se ainda abro meus olhos
é que não sei se te vejo
mais em sonho que em presença
de um dia que eu vivo já.
Quero um dia pra chorar
mas a vida vai tão depressa
que é preciso deixar contida
a tristeza
para que a vida que mal começa
tenha tempo de se acabar.
Não quero amor,
não quero amar
não quero nenhuma promessa
nem mesmo para ser cumprida.
Não quero a esperança partida
Nem nada do que regressa.
Quero um dia para chorar
Quero um dia para chorar
Dia para desprender-me dessa aventura
mal resolvida
Entre os espelhos já sem saída
Em que jaz minha face impressa.
Chorar sem protesto,
chorar.
Eu sei o que é a Primavera (?)
(Renatita)
lá vai
Presságio da Primavera
Se é ou não é a Primavera
Veja só.
Você pode olhar para as flores
enquanto eu olho para o chão.
Ontem foi dia de festa
hoje é solidão.
E eu sei que não estou vazia.
Não há futuro,
sinta só
que eu não posso olhar para trás.
Amanhã eu vou embora
daqui ou de qualquer lugar.
Não importa, eu estou.
E se ainda abro meus olhos
é que não sei se te vejo
mais em sonho que em presença
de um dia que eu vivo já.
Quero um dia pra chorar
mas a vida vai tão depressa
que é preciso deixar contida
a tristeza
para que a vida que mal começa
tenha tempo de se acabar.
Não quero amor,
não quero amar
não quero nenhuma promessa
nem mesmo para ser cumprida.
Não quero a esperança partida
Nem nada do que regressa.
Quero um dia para chorar
Quero um dia para chorar
Dia para desprender-me dessa aventura
mal resolvida
Entre os espelhos já sem saída
Em que jaz minha face impressa.
Chorar sem protesto,
chorar.
Eu sei o que é a Primavera (?)
(Renatita)
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
V.S.
Finalmente esses dois sentaram a bunda no estúdio! Vejam aí a primeira música de tantas, do grupo Versus, do Skol e Vibox.
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