terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Estabelecia que sim,

então era.

Preparou o fundamento, que era um pouco de feijão e arroz, e a mistura. Lembrou do vento, as roupas pra lavar, abriu a cortina. Sol não tinha, mas ainda se sentia quente no meio da fumaça a água evaporando soltando borbulhas e pingando pingando. Toda história tem história-e-meia. A água tingia o chá, ou era o contrário? Um chá ajudaria, sentiria sono e poderia enfim dormir no chão friozinho, quase um chão batido de terra dos tempos que nunca viveu mas não se esqueceu. A colher de madeira bate com força nas panelas e quem dera que fosse canção todo dia, nessa vida nossa uma música pra sentir digno o próprio esforço de entregar a pétala mais doce, o cruel veneno. Talvez fosse bem-querer, tinindo de novo as ventas. Se entregou certeira, tinha que ser. Os grãos do feijão desmancham folhas de louro. Queria sentir saudade, mas não isso já, sofria de alguma alegria alguma coisa que fica, coisa minha. Passeiam as mãos pelos cabelos, os restos de tinta nas unhas e o cheiro do sabonete barato, conforme fosse, quem pode dizer o dia de amanhã? Cada dia forma um jeito, uma temperatura, e se chove como fica assim parece chove é de través em mim.

Um comentário:

Anônimo disse...

às vezes me dá uma vontade mesmo que assim: de ficar lá no fundo, do quintal também, só mesmo sentindo passarinho que desaparece a cantar...

>>>