Dia 22 de outubro vai ter exposição minha lá no Cooperifa pessoal! Da hora hein? Vai memorando a data que logo mais eu explico melhor essa história aí.
Ah! E aproveita pra conhecer o trampo do Dênis, um moleque bom pra caramba que tá no corre com nóis:
www.denismoreiradacosta.blogspot.com
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Salobra
Uma lágrima caiu dos olhos dele, de tanta que era a dor.
Lambi seu rosto, pra ver que gosto era essa mistura que sai da mina, salobra água que tempera e se aninha na minha própria caminhada.
Chorou e saiu pra colher um horizonte, onde a calma fosse um terço que se reza demorado, a gente fechando as mãos e pedindo e pronto. Saiu pra buscar o mar inteiro, coisa difícil.
Mas com o balaio que levou parecia fácil. Abria os braços e os peixes vinham, o surdo ecoava e as plantinhas se espalhavam.
Virou algazarra, as lágrimas dele na ponta da minha língua me recordavam um tempo, onde o giz dos meus ossos ainda eram terra fértil, que embalavam outros movimentos.
Uma lágrima caiu, de tanta era a dor, o mundo adoçou.
Lambi seu rosto, pra ver que gosto era essa mistura que sai da mina, salobra água que tempera e se aninha na minha própria caminhada.
Chorou e saiu pra colher um horizonte, onde a calma fosse um terço que se reza demorado, a gente fechando as mãos e pedindo e pronto. Saiu pra buscar o mar inteiro, coisa difícil.
Mas com o balaio que levou parecia fácil. Abria os braços e os peixes vinham, o surdo ecoava e as plantinhas se espalhavam.
Virou algazarra, as lágrimas dele na ponta da minha língua me recordavam um tempo, onde o giz dos meus ossos ainda eram terra fértil, que embalavam outros movimentos.
Uma lágrima caiu, de tanta era a dor, o mundo adoçou.
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Jaboticabeira
Precisava de teu fruto, jaboticabeira
Porque o mundo é uma mesa posta
Onde se expõem os melhores pratos
Já não tenho olhos.
Precisava de teu fruto, jaboticabeira
Porque a vida é um noticiário
Onde se expõem os melhores fatos
Já não tenho olhos.
Precisava de teu fruto, jaboticabeira
Porque meu corpo é um receptáculo
Onde se escondem dois milhões de almas
Já não tenho alma.
(Dinha, de passagem mas não a passeio)
Porque o mundo é uma mesa posta
Onde se expõem os melhores pratos
Já não tenho olhos.
Precisava de teu fruto, jaboticabeira
Porque a vida é um noticiário
Onde se expõem os melhores fatos
Já não tenho olhos.
Precisava de teu fruto, jaboticabeira
Porque meu corpo é um receptáculo
Onde se escondem dois milhões de almas
Já não tenho alma.
(Dinha, de passagem mas não a passeio)
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Periferia Mostra sua Arte apresenta: Sarau das Árvores
O Movimento Periferia Mostra sua Arte busca promover as artes plásticas da periferia, realizando exposições dos artistas da comunidade na própria comunidade. Esse mês, promove o "Sarau das Árvores", com o objetivo de incentivar o plantio de árvores no Jd. Helga. O evento ocorre durante o dia inteiro na rua, e conta com a exposição das pinturas de Carolzinha Teixeira e Paulo s. Vulgo, bandas, debates ecológicos, distribuição e plantio de mudas, oficinas, e o sarau que acontecerá a partir das 18:00hs.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Crime com Arte, Arte como Crime
Rafael PixoBomb estuda na faculdade de Belas Artes.
Ganhou uma bolsa de estudos.
Seu traço é composto por formas redondas e linhas retas.
Se formou na 3afeira. Para concluir o curso deveria apresentar um trabalho a ser exposto em uma das salas da faculdade, ao lado do trabalho de seus colegas.
Acontece que Rafael é pixador. Não se acomoda com a primeira resposta que o sistema lhe oferece. Devolveu aos colegas de faculdade o que cultivaram durante seu tempo lá, expôs uma obra que muita gente vai demorar a entender.
Um ataque de pixadores à faculdade. A nata da pixação, o time dos sonhos, que chegou e não teve dó: desceu a mão riscando paredes e janelas. O movimento artístico tomando de assalto a área acadêmica em seu berço. O feio risco contrapondo-se às Belas artes. Pixo não é para ser belo, é para agredir, chocar.
Rafael é conhecido na pixação por agir sozinho. Ontem estava acompanhado de diferentes grifes da pixação. Sacudiram prédios, janelas, muros, paredes e a alma dos presentes. Quem estava lá não vai esquecer dos mais de 40 que se espalharam por onde foi possível.
O que motivou cada um - protesto, ibope, adrenalina, revolta - não se sabe. Rafael seguiu à risca o conselho da professora que disse que seu trabalho de conclusão de curso devia “apavorar”, colocar para fora a raiva que carrega dentro de si.
Raivoso e cheio de idéias, Rafael usou a pixação como expressão da faculdade que diariamente o desrespeitava pela falta da educação formal. Os pequenos buracos na articulação de seus textos deram a força para colar suas idéias.
A sala central exibe os trabalhos de formatura dos alunos. Deveria também deixar lá sua conclusão de curso. Embora soubesse que tudo podia acontecer ” vai ser o que vier na hora, pixo não tem controle.”. Desceram do metrô e caminharam para a faculdade.
O bando chegou e entrou no primeiro prédio. A primeira faísca fez cor no ar, os caras entraram e atacaram a secretaria e saguão do prédio da faculdade de belas artes. Rafael seguiu. Tinha um objetivo.
A aluna com a mão no coração refletia “sabe, para muita gente 1500 reais não é muito dinheiro, mas para alguns alunos isso é uma grana.”. Em comum nenhum daqueles meninos sabe o que é gastar 1500 reais por mês numa faculdade. A maioria nem sabe o que é cursar uma faculdade. Vivem todos do lado de fora do mundo das belas artes.
Rafael chegou reto na parede branca, fim do biombo onde adormeciam fantasmas em fotos. A sala central exibia o trabalho de seus colegas de classe. Entrou encapuzado, agressivamente e sem violência. Tirou o spray e começou: “E vc que” está lá. Você que o quê? Não vai saber. Ele começou a escrever e foi interrompido. Uma senhora bateu repetidamente com um buquê de flores na sua cabeça.
A “dona da parede” gritava “só porque ele não tem um trabalho quer arruinar o dos outros. vagabundo, isso é coisa de quem não tem trabalho”, o empurrou uma, duas vezes, veio o namorado dela e deu um grande “chega para lá” no aluno-artista. A balbúrdia formada enquanto no verso de outro tapume um grande pixo deixava claro que aquele espaço estava sendo preenchido. Arte ataque.
Alguns presentes acharam que era performance. Depois invasão. gritos, pancadarias, frases reacionárias, coisa digna da ditadura militar. Tentavam agredir aquele que trouxe a maior agressão às suas vidas: a realidade.
A segurança agiu violentamente. Rafael não. Sua intenção era clara e não incluía agressão física. Estava lá para colocar em xeque a “arte burguesa”. Uma prateleira de pequenas vênus de chocolate para serem devoradas pelos presentes faz sentido? Um vídeo de nove minutos de uma pessoa seminua na floresta faz sentido? Letras e garranchos desenhados na parede, frases de protesto, a invasão e a transgressão do spray faz mais ou menos sentido? Qual deles faz sentido para você?
A entrada da faculdade virou um evento. A maioria dos pixadores conseguiu fugir. Os muros mostravam sua passagem pelo local. Os alunos que saíam da sala de aula encaravam a maior obra que já ocupou aquele espaço. Os pixadores promoveram uma verdadeira instalação-performance, melhor que tudo o que já se viu. Spray, rolinho, canetão. No muro do lado de fora da brilhava “às belas das artes”, na entrada do saguão jazia “Abra os olhos e verá a inevitável marca da história”, na outra parede o aviso “antes o barulho ensurdecedor”. Pixação é anarquia pura.
O burburinho do lado de fora demorou a acalmar. Houve pancadaria entre seguranças, estudantes de salto alto, pixadores. Rafael foi levado à salinha e só saiu inteiro porque a imprensa estava junto. Alunos bicho-grilo riam das três viaturas que apareceram: se fosse na ESPM, eles contavam, tinham chamado a SWAT. Outra aluna explicava que alguém do último ano tinha contratado uns pixadores para seu trabalho. A histérica berrava vagabundo. E teve gente que conseguiu ver naquilo a maior transgressão que a faculdade já presenciou.
Duchamp e mais uma leva de artistas estão se acabando de rir na tumba. Entre vênus de chocolate e o vídeo interminável de uma pessoa num jardim, Rafael ofereceu o que há muito a turma das belas artes não sentia: incômodo, desconforto, provocação. Ele colocou o dedo na ferida e ainda o fez com maestria
Rafael saiu de lá na viatura direto para a delegacia. Com ele CDV, pixador de linha de frente que chegou até a sala de trabalhos e deixou seu pixo marcado enorme. Mais quatro que participaram do ataque foram levados em outra viatura.
Na madrugada os programas policiais se apinharam na delegacia atrás dos meninos. Saiu nota no globoonline. O bom da arte é isso, cada um entende como quer.
Rafael em um “arte ataque”. Seu traço une a estética do wildstyle de nova york da década de 80 com as linhas da pixação paulistana, um dos maiores movimentos urbanos contemporâneos. Conhecido por sua habilidade em escalada, Rafael quer ser artista. Já é.
vejam as fotos e etc no site renatasim.wordpress.com
sábado, 6 de setembro de 2008
dos falantes de si.
Nas palavras que cabem o mundo,
tudo faz, tudo é, tudo pode,
tudo que é bom se tem.
Nas ações, que sobram vida á elas,
pouco no dia a dia se faz, pouco do bom, se vê.
E assim, nada pode.
(Mais um da Beatriz)
tudo faz, tudo é, tudo pode,
tudo que é bom se tem.
Nas ações, que sobram vida á elas,
pouco no dia a dia se faz, pouco do bom, se vê.
E assim, nada pode.
(Mais um da Beatriz)
Para Lorena. Da Beatriz.
Nasce flor. Nasce!
De escura força.
Tamanho a se perder de vista...
Nasce.
No inclinado.
Em falso.
Na pequena brecha da trincheira.
Ela nasce.
Trazendo céus de noites nas pétalas.
Cores com infinitos de alegria.
Hoje a flor, já nasceu.
Foi a Beatriz que fez! (Dez/2007)
De escura força.
Tamanho a se perder de vista...
Nasce.
No inclinado.
Em falso.
Na pequena brecha da trincheira.
Ela nasce.
Trazendo céus de noites nas pétalas.
Cores com infinitos de alegria.
Hoje a flor, já nasceu.
Foi a Beatriz que fez! (Dez/2007)
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Trem de Ferro
(Tom Jobim e Manuel Bandeira)
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virgem Maria que foi isto maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Café com pão
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
Oô..
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pato
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
Que vontade
De cantar!
Oô...
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficia
Ôo...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Ôo...
Vou mimbora voou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Ôo...
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...
("lição de casa" que fiz para uma disciplina lá das Artes Plásticas)
Para Beatriz
O bordado da Bia
começa de manhãzinha
espiando pela janela do ônibus
os pontos sem nó da partilha.
São retalhos da sua lida:
uns de tato sedosos e aqueles
que os dedos castiga.
Mas o que forma o contorno
da renda
é até o que Deus duvida:
o bordado da Bia é alicerce
de quem tem fé é na vida!
começa de manhãzinha
espiando pela janela do ônibus
os pontos sem nó da partilha.
São retalhos da sua lida:
uns de tato sedosos e aqueles
que os dedos castiga.
Mas o que forma o contorno
da renda
é até o que Deus duvida:
o bordado da Bia é alicerce
de quem tem fé é na vida!
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