quinta-feira, 25 de junho de 2009

NÊGA

Essa poesia é de um moço muito firmeza chamado Vagner, que mora aqui na Brasilândia. A poesia é pra mãe dele, e coisa mais linda é ver ele recitando, pra ela. Quem quiser correr esse risco que venha participar do Sarau da Brasa.
Lá vai:



Nega, levanta pra acordar o dia nega,
Levanta, pois é com sua força que o seus vão trabalhar.

Nega, levanta e faz oração para o seu santo nega,
E pede por esse seu filho que já não sabe mais rezar.

Nega, levanta pega a bacia de roupa suja e vai para o terreiro nega,
Mas levanta poeira do chão se aqui alguém não te respeitar.

Nega, levanta e aconchega a criança no seu seio nega,
Canta pra ela a canção que tu me cantava e eu não sei mais cantar.

Nega, levanta e ginga esse seu corpo cheiroso nega,
Levanta a barra da saia, entra na roda e me ensina a sambar.

Nega, levanta porque agora você não é mais a moreninha nega,
Levanta seu cabelo crespo porque assim natural ele me faz delirar.

Nega, levanta porque tu és preta guerreira nega,
Levanta teu punho pro céu e grita bem alto que aqui ninguém mais vai te escravizar.


(Vagner)