quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Carêço

Porquê desenho, as nuvens se adivinharam pretas. As ranhuras da tua pele, que eu senti-não-vi. Papel onde se faz cosquinha. Branco do olho pingando sentido, em geometria. Paleta do chão. Porque aprendo, o material pulsando quieto. Quieto ou pulsando, existe cortejo de equilíbrio da munheca. Ólhe, ólhe. Hoje, homem miudinho fez desemprego da mão.Idéia é que voa, computadores fazem arte. Careço. Exércitos de operários-artesãos passaram por aqui e deixaram desassossego. Careço. Tenho só esse corpo, careço. Pulo raso, o papel é meu pasto. Careço. Pinça do indicador-polegar. Abri polegadas de veias nas fibras de celulose. Oxigeno o branco, aquele do olho. Vazio de sossego para aquela que pisca-pisca (num pára). Porquê desenho? A vida não desagua no sangue mensal. Meu cuspe, não. Lágrima sêca. Vida escorre da mão. Se aloja no seu branco do olho. Aquele que em época de cheia, transborda. Vê além, vê atrás. Vê mais que a menina (dos olhos). Duvide que cê vai ver. Com a mão construo casa cega no presente, moradia de grafite barato. Risco do assombro, roda passageira. Contigo passo. Careço. Meu traço tem largura não. Dez por quinze, não. Resto do resto do resto: escombro de palito de fósforo. Destruo meu desterro. Moradora em situação. A rua, desenho.

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