Para o Wayana, a sede do conhecimento está nos olhos.
Neles, se encontra o wayanaman ("como gente") ou seja, a figura invertida que se apresenta nas pupilas e que mora nos olhos, representando o verdadeiro detentor do conhecimento.
Possuir conhecimentos sobre manufatura significa que o wayanaman está em seus olhos, que ele é o "morador" de sua visão e assim intermedia os processos que vão resultar na concretização de artefatos.
Para resguardar o saber artesanal, o artesão deve proteger o seu wayanaman e assim só deve obrar de dia, com luz clara. Trabalhar ao entardecer ou à beira do fogo, em execuções que forcem a visão, acarreta a perda da acuidade visual. De acordo com os relatos Wayana, nessas circunstâncias, forças predatórias, associadas ao quatipuru, um pequeno roedor, aproximam-se e atacam o "morador" dos olhos do artista, aniquilando-o.
O wayanaman é também denominado kêukomari e desaparece com o morto. Diferencia-se do princípio vital, referido como akwali, que se aloja no ombro da pessoa, manifestando-se através da sombra amolê, princípio este que perdura após a morte. O amolê, por sua vez, é igualmente a figura no espelho e as fotografias.
(... Juntado de idéias retirado da tese de Mestrado de Lucia van Velthem, "O belo é a Fera")
Um comentário:
salve!
da hora!
tão natural quanto a próxima aurora...
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