Faz um tempo encadeávamos os dias em uma sala de aula. Eu lá, toda invocada, querendo perguntar. Então se a palavra é coisa bela, vâmo até o fim.
Um dia, interroguei pra nossa turma o que eles tinham de guardado. De mais guardado.
Esse papelzinho amassado achei no fundo da gaveta. Foi Bruno Alexandre que escreveu (com a letra sôfrega, tirânu as vistas):
"Eu guardo retrato da minha mãe
porque ela morreu.
Eu guardo uma concha.
Concha do mar.
Joguei em cima do telhado".
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