Carreguei a angústia da sobrevivência
de sete gerações.
Orei por comida no prato
mas não mais.
Os dentes são fortes
minha pele é carne viva.
Olhei nos olhos da morte e
canto pra quem nasce.
Meu corpo virou osso,
a pele rala.
Quem me viu, teve dó.
Mal sabiam que nunca estive
tão forte.
E a milhão aprendi
tive que aprender.
Dentro de toda miséria ancestral
lá está ela:
a pérola.
O livro guardado
o gosto açucarado
o alimento
da boca
que não tem nome.
Tudo aquilo que mata a fome.
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