sábado, 6 de abril de 2013

A boca

Carreguei a angústia da sobrevivência
de sete gerações.

Orei por comida no prato
mas não mais.

Os dentes são fortes

minha pele é carne viva.

Olhei nos olhos da morte e
canto pra quem nasce.

Meu corpo virou osso,
a pele rala.

Quem me viu, teve dó.

Mal sabiam que nunca estive
tão forte.

E a milhão aprendi
tive que aprender.

Dentro de toda miséria ancestral
lá está ela:
a pérola.

O livro guardado
o gosto açucarado
o alimento
da boca
que não tem nome.

Tudo aquilo que mata a fome.

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