sábado, 30 de julho de 2011

O Giz

Em São Paulo o trânsito entranha nos desinfelizes. Parece praga. O corpo da gente sempre fugindo do tempo, até dia de domingo. Em São Luís não é muito diferente, mas me deparei com uma situação bastante estranha, que certamente nunca seria possível aqui.

Voltando de um dia inteiro na praia de Araçagy, eu, Noel, Pedro, Ariel e Mestre Xavier só queríamos bater um P.F. e capotar. Pegamos o buzão que cruza boa parte da cidade e eu dormi ali mesmo, tombada na janelinha. O povo voltava do trampo e lotava o corredor. Aí que meu sono estalou: ! Era barulho de trombada, só vi a moto voando do lado de fora. Zé povim na janela, aglomeração, caraio. Aconteceu que o rapaz da moto bateu no buzão, voou e foi cair logo no poste. As notícias iam caminhando de boca-em-boca. “Tá morto não, quebrou a perna.”. E o diz-que-diz correndo, graças a Deus um pipoqueiro brilhava a luzinha do outro lado da confusão e amenizou a larica. Porém, por um baita azar de nós, de todos, o coitado do motoqueiro bateu bem quando o buzão fazia uma manobra e se encontrava de atravessado na avenidona. Tudo beleza se em São Luís não tivesse uma regra doida de perícia. O buzú não pode mexer um milímetro, senão o motorista paga tudo! Aí danou-se. Era buzina pra tudo quanto é lado, ninguém atrás passava, no horário de pico a fila de carros era de perder de vista. E nóis pra ir embora? Tem jeito não. Perícia.

A gente caçava assunto. Até com o motoqueiro fui trocar idéia. O cara tava bem - ainda bem - passaram uns cinco carros de gambé e nada de ambulância.

Uma hora depois, chega um carro preto escrito PERÍCIA. O cidadão saiu batendo a porta com um giz escolar na mão, perguntou quem era o motorista, olhou, riscou em volta dos veículos e do corpo ensanguentado do hômi e saiu fora. Nisso o motora saiu correndo e desbicou o buzão um tantinho pro lado, só pra desobstruir uma faixa, e o transito desafogou buzinando.

Noel, do alto da sua indignação gritava:

“Véi, se era só pra contornar me dava um giz que eu mesmo fazia carai!!!”.

O cobrador colocou a gente em outro coletivo, que tinha que ser da mesma empresa já que lá parece São Paulo antigamente: cada lugar um lugar, cada buzão uma lei. De dentro do vidro, indo embora, ainda dei uma última olhada pro moço estirado no chão. Ambulância nada.
O povo saiu do buzão pra ver o rapaz ferido.

E nóis aqui com cara de putaquelamierda.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

De mão cheia

Charlene, irmã de Zelão me ensinou o que significa “cozinheira de mão cheia”. Todo dia ela ia até a casa de Dona Sulica - sua mãe - que está doente e sem poder cozinhar, e fazia mágica no tempero. Eu gostava de ficar observando, enquanto servia de ajudante, como ela picava rápido os legumes, soltava o arroz na mão com um pouco de óleo para requentar, batia as claras para fazer torta de camarão. Um dia de tarde Seu Zé apanhou na árvore do quintal alguns cocos, que a gente tirou a carne e bateu pra virar um leite docinho e bem fresco. Aí que Charlene me passou essa receita de bolo de tapioca, que vou tentar fazer rezando pra São Benedito pra sair tão bom. Me lembrou um pouco do pão de queijo da minha vó, e isso não é pouca coisa não rapaz!


sábado, 23 de julho de 2011

É chegada a hora, não posso ficar

Estas estórias começam pelo fim. Pra ler o resto vai descendo, descendo. É assim ué! Chegando na minha primeira viagem de avião, pode começar a subir. Hoje já sou uma moça iniciada nessa história de avião e Maranhão. E entendo bem tanta toada de saudade. 

"Adeus morena, para o ano se Deus quiser
eu quero bordar seu nome na copa do meu chapéu"


No meio desse desenho tem uma lágrima, que caiu bem fininha sabendo que tinha que ir embora.

Divino




Num dia chuvoso acordamos com uma baita ressaca, resultado do dia anterior virado de brincar Bumba Boi. Era quase cinco da tarde, os mosquitos comiam nossa perna e o ventiladorzinho engasgava a mesma musiquinha companheira de todas as noites. Queria faz tempo conhecer a casa Fanti Ashanti, e nesse dia às seis o mastro do Divino ia ser erguido. Perdemos a festa, e eu fiquei toda borocoxô, meio com esse tique que gente de fora tem de comer o bolo inteiro da curiosidade de uma vez.


Queria ver, cheirar, tocar tudo que pudesse aguentar, e não pude. Nessa hora, lembrava de Zelão falando no meio-tempo das horas: “Não fica nessa doidice de festa de São João... a gente vai pra um lugar e o que tem lá são as pessoas. É essa a história que a gente leva!”. Verdade verdadeira maior. “Quer saber, bora desbaratinar!”. Lá na rua de cima, na casa de Rose o povo se concentrava ao redor de uma churrasqueirinha, com um isopor ainda cheio. O reggae comia solto na radiola da casa ao lado, o calor estralava. Estralavam fogos de artifício também. Estralava o som de uma caixa. Duas, três! Uai, tão subindo o mastro do Divino ali na rua de Rose. E era um mastro bonito que só ele, cheio de guaraná Jesus e cana de açúcar. O canto ecoava na rua, por um grupo de mulheres vestidas de rosa, e que depois fui saber que eram as filhas da falecida Dona Ceci. Dizem que na época de Ceci, a coisa era impecável, e se algo não estava no gosto dela dentro do ritual, mandava desenterrar o mastro e cantar as ladainhas tudo de novo.

Eu tando aqui ou tando lá

Araçagy

Bateria de Xaxá

Lá também a gente sonha

Sonho, Caderno de Desenho

Dia de São Marçal

Visão de Quebra Pote


Guará, ave vermelha

O dia de São Marçal é quando os bumba-bois de sotaque de matraca caminham a avenida João Paulo até a imagem do santo que fica ali esperando o ano todo. Nesse momento, muita gente paga as promessas, e se emociona.



Mas vamos voltar um pouco a fita, que a romaria começa muito antes.

Eu mais o caboclo de pena de Madre Deus
Eu e Pedro nos perdemos nesse dia do resto do povo que estava com a gente. De noite, resolvemos pegar o buzão até o CEPRAMA e assistir o que estivesse acontecendo na hora. Mas o sorriso brilhoso da sorte era nosso companheiro, a gente já tava desconfiando já: estava no meio da apresentação o boi de Madre Deus, um bairro ali perto do Centro Histórico de São Luis. Acabando a apresentação, pedimos licença e entramos no comboio que iria se apresentar a noite toooooda, em lugares diferentes da cidade. Acho que deviam ter uns cinco ônibus no total, mais uma Kombi pra levar os pandeirões. Passamos por alguns bairros distantes, em alguns “Arraiás”, festas onde o povo local convida os grupos em troca de um caldinho, canjica, refrigerante e o que tiver pra dar sustança pros brincantes aguentarem até o dia amanhecer e mais. Aos poucos a gente foi conhecendo muita gente, foi entrando no ritmo do Madre Deus e como já tá no jeito, entramos pra brincar junto. No buzão, quem tinha dançado duas horas seguidas dava um descanso, capotava ali mesmo. Os virados nos 13 já preparavam o 360, enfiando mais cachaça na guela.

Uma hora, com um olho aberto outro fechado fui sacudida por uma gritaria: “Motorista! Abre a porta que vai desovar um cadáver!” A treta bêbada continuou mais uns vinte minutos, até o camarada fazer brilhar na noite uma faca e encostar no bucho do condenado. “Rapaz, que eu te furo aqui mesmo!”. Pausa, pra respirar. Mano, eu fiquei indignada. Além de tudo, de toda situação que eu já ficava cabrêra de raiva no Maranhão por ver tanta macheza besta, o rapaz queria rasgar as tripas do outro com uma faca de passar manteiga no pão! Eu já ouvi falar de peixêra, navalha, faca de açougueiro... mas faca de pão é mancada. Deve doer pra burro.

Enfim, a treta foi separada a tempo, e continuamos. O Puca, que tava coordenando as paradas, estava desde o início falando que a gente ia amanhecer num lugar bonito demais, na beira da água. O sol já estava querendo raiar, e chegamos em um bairro afastado de São Luis, o Quebra Pote, moradia de muita gente do grupo. Lá o arraiá estava vazio, só alguns moradores madrugueiros nas portas de casa. Um deles me chamou e me deu uma xícara de café quentinha, que foi o fôlego pra tirar o tênis e cair na água. Muita gente tirou as roupas de vaqueiro e deixou os pandeirões ali mesmo. O sol subia de dentro do mar, e dava pra ver os guarás voando vermelhos.

“Ele voa de banda, meu guará”

Ali, entendi no meu entendimento vivido porque se dança bumba-boi. Não tinha quase ninguém assistindo, três ou quatro pessoas. Mas o boi rodopiava brilhando, o batalhão continuava pesado e o cantor ainda era um canarinho. Parou a treta, o giro confuso das vozes, a gritaria. A festa era de intimidade com o lugar e conosco, as letras encontraram seu cenário, e era tão bonito que eu vou ficar quieta aqui. Pronto.

O provedor do arraiá de Quebra Pote, nos ofereceu uma comida muito boa, peixe-arraia ensopado com feijão preto e farinha d´agua. As índias reclamavam da batata da perna, que estava queimando. A minha estava também, e resolvi dormir de vez até chegar na Avenida João Paulo.

Lá, desembarcamos eram umas nove e meia da manhã. Já estávamos junto com Madre Deus fazia mais de 12 horas. O sol começava a pegar pesado, e qualquer sombrinha era moradia dos caboclos de pena com seus trezentos quilos de roupas. No boi de Madre Deus, existem muitos caboclos ainda crianças, que dançam pra porra. Eu fiquei impressionada com a resistência deles, e mais ainda com a beleza dos passos que vi ali. Alguns caboclos carregam pesados anéis, e colares e guias. O sol de rachar a cuca fazia cambalear, mas todo mundo seguia firme e forte do jeito que dava. O trajeto inteiro deve ter uns 300 metros, que foram percorridos das nove e meia até umas seis e meia da tarde! Passaram dezenas de grupos ali, e o mais importante é chegar até São Marçal firme e fazer a reverência cantando três toadas com toda força reunida na semana inteira. Passamos por um calor infernal e duas chuvas torrenciais de alagar a rua, as penas das índias viraram fiozinhos e os pandeirões de couro tiveram que descansar. Continuaram só os sintéticos, industriais.

Quando chegamos na frente do santo, as toadas tremeram o chão. As lágrimas do povo corriam misturando com a chuva e Madre Deus fez cicatriz no meu coração: até hoje coça.

***

Meu comparsa!


Esse é lado a lado, no Maranhão e no resto do mundão.

Para ele, inventei um samba assim, voltando de manhãzinha para casa bêbada de toadas:

"Eu vim parar aqui, eu vim
Eu vim parar aqui, eu vim.

Eu sou aquela 
que você menos esperava"

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Coisas que eu não queria esquecer



Caboclos do boi de Madre Deus.


Esta entidade, vi no boi da Maioba. 

Dia de São Pedro, na Capela de São Pedro.

De tudo que vi.

domingo, 17 de julho de 2011

Dona Maria Luiza

Tambor de Dona Maria Luiza, Mimo de São Benedito.
Quando cheguei no Maranhão caí nas graças da família de meu mestre de capoeira Zelão. Pessoas que agora já levo comigo onde eu for, tamanho o rombo de carinho que fizeram dentro de mim! A casa dos pais de Zelão - seu Zé Maria e Dona Sulica - é rodeada pela casa dos irmãos Charlene, Rose e Zé Filho. Ali no bairro do Anjo da Guarda, que o povo me disse logo que cheguei que de anjo mesmo não tem nada.
Dona Luiza, que desfiou rezas para eu fazer boa viagem de volta me protegendo do meu sonho mau agourento, é tia de Zelão por sangue e do bairro todo por extensão. Contou ela que faz quase trinta anos a sua rua - onde é vizinha de Seu Zé e Dona Sulica - era a pior do bairro e quiçá São Luis. Ali era tudo terra barrenta, morria muita gente, coisa ruim que só vendo. Dona Luiza tem raiz em Cururupu, cidade do interior famosa por seus tamborzeiros e cantadores bons, e que Seu Zé diz que nunca viu igual aos que existiam em sua mocidade em Cururupu. De lá, trouxe um cantador, outro Zé que ainda acompanha fielmente seu tambor. Foram os dois, em cada encruzilhada, batendo tambor e firmando promessa. Todo ano a rua fecha, um porco é assado e o tambor de crioula come solto até o sol raiar e mais! É em agosto, pra saudar São Benedito.
Dona Luiza faz pajelança, é conhecedora dos segredos das ervas medicinais, rezadeira e conversadeira, a casa sempre aberta pra rua. Acompanhei seu tambor sendo preparado na fogueira, o guarnecer com a sopa forte pras corêras aguentarem a punga, a roda que se forma com Dona Luiza já incorporada em cabôclo e o batismo onde se toma uma bebida com água benta e ervas, compartilhada  em uma cuia com todos os devotos.
Mas o que mais ficou na minha memória, mesmo, é a risada gostooooosa da Dona Luiza, ecoando na rua toda!

Comida de Vento

Essa estória se principia no início, e come o próprio rabo dando a letra do fim. Pois bem, é assim porque antes de toda aventura para contar eu tive que entrar no bichão chamado A-VI-ÃO!
Carolzinha nunca andou de avião, e é de espanto que encarei a coisa toda. Veja bem, espanto não é medo. Espanto é maravilha. Se tivesse medo ia de buzão, ora! Certa vez, quando trabalhava em um escritório em uma torre na cidade cinza de São Paulo, parei pra tomar um cafezinho e prosear um pouco com uma colega de trabalho que veio do interior da Bahia. Ela tinha quase seus cinquenta anos, e estava fazendo a contagem regressiva para ver o mar pela primeira vez.
Fiquei com aquilo: tem coisa que a gente faz velha pra ficar mais espantada ainda, aquilo corroendo nossa imaginação e quase explodindo a vontade.


"O mar é bonito demais, fica que nem umas faisquinhas brilhando, umas chispas avoando!"

E era, eu também acreditei naquela mulher feita. Pois acreditem em mim, andar de avião é ser comido pelo vento.
Vamos do início.
Meu pai queria ser da Aeronáutica. Piloto heróico. O sonho maior mesmo, que foi enterrado por causa de uma miopia. No dia 23 de junho estávamos lá, a família toda para nos despedirmos no pé da sala de embarque. Meio revivendo o sonho, através de mim. Agora eu ia saber, a emoção maior.



Virgem Santa! Minha Vó Maria rezando lá em Minas Gerais e eu aqui. Descobri: parece falta de ar a pressão aumentando; a gente come um pouquinho só, não tem nada de banquete; as aeromoças fazem que nem no filme; a nuvem é fofa; as cidades são estrelas brilhantes vistas de cima.


Agora eu fiz uma coisa grande, como fazer um parto é grande, como desmaiar. Agora eu voei! 


Tava quase terminando de desenhar esse moço, faltava só o carrinho, e ele embarcou.


Como pode o povo se acostumar? Achei estranho quando pulei da astronave direto em uma gelatina de ar quente e peguento chamada São Luis. Na viagem por terra a gente vai se acostumando com a mudança, a cidade muda, as pessoas vão tomando outra feição. O avião te cospe em outro tempo. Fiquei dias maturando a idéia: Tô em São Luis? São Luis?


Pois bem que dois dias antes de acostumar com a idéia de voltar, sou acordada por um sonho cabrêro. Minha mãe tinha ido viajar, comia um bolo de sustança, estava feliz e corada - eu senti. De lá, ela me dizia: Filha minha, eu tô aqui, aqui tá bom, daqui a pouco você vem encontrar comigo!


Rapaz, eu gelei. Pois a última coisa que quero é bater as botas, ainda mais em desastre feio. Já juntei tudo de ruim no saco da premonição, avisei meu mestre, meu amor, e dona Luiza (que vocês ainda vão conhecer). E fui.
O tal do avião era tão feito pra mim que não tinha número 13 na poltrona. Pulava direto do 12 pro 14 e a felizarda aqui teve de ser remanejada. Dá licença, dá licença... Me olhavam dois olhos espertos e alegres, debaixo de uma boina e fartos cabelos brancos. O homem indignado porque na revista estava escrito que Açaí se come salgado no norte. Onde já se viu? Colocar sal? Meu coração pulava mas nem vi a decolagem, entretida nesse senhor do alto de seus 70 anos, formado antropólogo e colecionador de lendas amazônicas. Entre histórias de desastres de avião teco-teco, naufrágio, relatos de pesquisas de campo e a grande lenda da cachoeira que virou saquê (histórias da imigração japonesa em Belém), o senhor me pergunta: Você acredita em Deus (aponta para a boina)? Sim, sim. E nele (mais incisivo para a boina)? Nele?
Demorou alguns segundos para entender a mensagem criptografada em um broche preso na aba, com uma carinha de extraterrestre de filme B. Ai meu Deus tava bom o papo, agora descambou. Nosso antropólogo tira uma carteirinha comprovando seu profissionalismo, pesquisador de campo na busca de Ovnis, e começa a deslanchar uma por uma as evidências de que Jesus é um E.T., os povos amerindios foram colonizados e tal. O moço que estava sentado conosco, guardando a janela não tirava os ouvidos da conversa, com olhos cúmplices para mim. Até que, de repente ele vira pra interromper. "Escuta, não tem uma lei que diz que um avião tem que ficar 3 km de distância de outro?" "Tem, claro!" "Rapaz, passou um aqui não tem nem 20 metros!!!"

BUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU

Tá vai, não era um Ovni. Mas pensa, eu sobrevivi! Tô contando essa história vivinha da silva e ainda tem muito mais, lá no Maranhão...


terça-feira, 12 de julho de 2011

Sarau Elo da Corrente - Lançamento do Livro "Roube-me por Favor" + Festa Julina

Essa quinta minha gente!





DIA 14/07/2011

SARAU ELO DA CORRENTE

BAR DO SANTISTA

PIRITUBA

20:30


LANÇAMENTO DO LIVRO
ROUBE-ME POR FAVOR

DE
LID`S RAMOS, HENRIQUE GODOY E CAROLZINHA TEIXEIRA

+
FESTA JULINA


http://www.elo-da-corrente.blogspot.com/