segunda-feira, 5 de novembro de 2007

É primaveraaaaaaaa... te amuuuuuuuuuuuu




Moças e moços,
eu por aí ando me ocupando:
pingando com a chuva e ventando com o vento, que nem vocês. Outras coisas mais,
bonitas demais,
entre descaminhos, vergonhas, magrelices e bebedeiras (e uma vontade de viver tudo e não registrar nada!).

Deixo aqui poema da Lila e da Fêzinha, flores.

"Onde é que fica o lugar onde eu possa te encontrar fora da minha cabeça? Ou o amor será apenas isso mesmo? Essa coisa, consumida e devorada, martelando na cabeça.

Onde é que as pessoas se encontram pra dizer: “Não, não está tudo bem. ‘Tudo bem’ é apenas a resposta plausível da pressa. Ou da indiferença.”?

Em que parte é possível que não carreguemos sozinhos a realidade de não estarmos bem? E assim entendermos que não estar bem é o primeiro passo de um caminho novo. Onde podemos compartilhar os nossos silêncios. Inquietantes. Um lugar em que nos ensinem a aprender o silêncio dos estranhos, a entender os motivos dos que nada disseram, dos que agüentaram quietos, os motivos sem palavras, e as vidas que acontecem sem explicação. E que é o mesmo silêncio que a gente sente quando não sabe explicar esse nó no coração.

E o espaço-tempo do abraço, das cartas escritas a mão, dos suspiros..., e dos doces preparados por horas e horas, dos pensamentos sem conclusão? De ficarmos sentados, mirando, sem medir até quando, e sem dizer palavra.

Onde fica o lugar para podermos criar as nossas crianças sufocadas no peito, de perguntarmos se é com ‘s’ ou com ‘z’. O lugar das perguntas e respostas simples e dos poemas simples de amor:

“Um dia vi uma flor caída e triste

Lembrei de você”

Onde todos nos reunimos na mesa, antes do jantar, agradecemos, e ficamos pro café. ... O lugar da cozinha, da cozinheira. Do feijão cozinhando na lenha, o sol se pondo...

O lugar das verdades intuídas, construídas, vividas, confrontadas nos corpos. Cantadas em coros dissonantes. Das verdades significadas, trabalhadas, talhadas, repartidas. Da verdade-pão. Onde a história, a terra, a panela, reconheçam as nossas mãos. Onde as minhas mãos reconheçam as suas.

Se pudéssemos entender o milagre das nossas mãos. Da nossa luta muda e da mudança invisível porque profunda. A força da nossa deseducação. Do desafinado da nossa canção, das orações interrompidas pelo sono. Onde, sozinhos, nos confessamos. Trocamos confidências e sonhos.

Se entender é esse esforço de juntar, por que não nos entendemos juntos? Porque trocamos nossas idéias como quem troca produtos?

Quero um tempo em que a história signifique também o presente e o futuro. Que não nos venha embrulhada e pronta. Que seja as vísceras e o motor. Que seja em nós, o calor das ciências inventadas dos nossos avós, pra fugir dos açoites e dos insultos. A voz tremida e o suor.

Que os ouvidos não estejam à espera de um super-herói ou de um deus.

Onde fica o lugar onde atamos os nossos nós?"

(Liloca)




"Homem textura

olhos perscrutando

o que não se pode evitar:

inimaginável.

No campo imenso

a torre de petróleo me interroga

(sem que eu consiga dizer se é ela

ou o campo

quem está só):

- Em que consiste a masculinidade?

De súbito

na contra corrente

a janela refaz a tarde"

(Fêzinha)

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