quinta-feira, 15 de abril de 2010

ela que foi

quando eu fecho os olhos e vejo
desvejo, não há mais cor. Nos pés
um corte profundo, que adivinhei
não ter cura. Carrego por onde
se espalha meu corpo. Feito manto,
como sombra. Apara meus cabelos e
dóis atrás dos meus dentes. É mais
um pouco atrás das gengivas,
depois de depois do ventre. Entrego
aqui meu sorriso mas, está
sempre comigo. Tristeza sem tino,
descolorida. É aquilo que puxa o
canto dos olhos, às vezes. É um
olhar pra palma das mãos,
sem semeadura. É falta apalpando a cabeceira, de telhas.
Então, descobri logo onde descansam as estrelas. Segurando seu corpo que me alumeia, entre tantos destinos. O nosso é um fio bem fininho, mas é de seda. Às vezes no abismo é esse fiapo que guenta. Entre cacos e cacos de saudade vermelha.