terça-feira, 11 de maio de 2010

Ainda

Arruda, cheiro de incenso, cor
invoco as chuvas, companheiras
de dentro, invoco
a terra que me invade
o gosto dos dentes
invoco tudo aquilo
que é secura
que é ponta afiada e dura
que é ardido e tímido
que é descaminho,
no meio da passarela.
Invoco todos os nãos
a navalha que chama
a flor transbordante
a graça de um pouso
certeiro. Bacia de
grávida. Invoco a roupa
que se lava a fibra.
Invoco o cheiro de corpo
e a penugem fresca
dos braços.
Invoco o que se fez pedra
a sombra que conforta a íris
o sustento feito com as mãos
o silêncio depois do grito que exalta.
A maravilha de ser criada
em tempo de paixão, esquecida dos
olhos de Deus.

E você, homem, ainda se lança
ao óbvio.

Um comentário:

Amanda Medeiros disse...

pelos cantos o conto canta tantos.