segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Parô pra Quentar

Colhi o sereno, guardei
foi tudo isso que vi e mais um pouco
Uma cidade perdida, num olho
outra vida habitada, dando vazão.
À noite tem roda de saia, às vésperas
de um imenso transtorno do tempo.
Engoli mais sereno, serenei.
O sereno acalenta a gente
até de manhã,
depois de manhã ninguém sabe.
O que eu sei é madrugada,
Por isso engulo sereno. Serenei.
À noite eu rodo a minha saia, às vésperas
de um imenso transtorno do tempo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Será que esse tambor amanhece?

e o tambor ta começando
parô pra quentar
cos minino musicando
parô pra quentar
a mulher pode entra
parô pra quentar
pra sua dança apresentar
parô pra quentar
cada um em seu lugar
parô pra quentar
e o respeito não faltar
parô pra quentar
Carolinha entra na roda
parô pra quentar
com sua saia a girar...

é bonito demais esse negócio... bom foi te ver dançar

beijo Bia

Anônimo disse...

lindo demais seu poema

beijo da Fê

Anônimo disse...

Oi minina poeta, como vai? Como já te disse eu gostei tanto desse seu poema que não pude conter uma vontade de conversar com ele, emprestar a saia pra dançar um pouco. Gostei mesmo, dum tipo de gostar em que se agradece, relendo.
Obrigada.
Deixo aqui procê uma prosa poética que ele germinou no meu desejo:

"Véspera

Saí na rua, serenei. Era de noite. As luzes me diziam mais que eletricidade, estavam pingadas. Caminhei um pouquinho, um passo bom, fui olhando, olhando, a imagem das coisas nos meus olhos, nos meus erros antigos que agora vinham ser essa paisagem, toda ela não, que toda é uma opacidade difusa. Hoje talvez eu era aquela saia de moça, aquele tecido movido, ora suspenso, ora solto da pele naquele passo diferente. Passo bom, fui olhando as coisas, como se o tempo fosse meu.
Era noite quando saí na rua e vi: o conflito das linguagens, sem briga, nos botecos. O que fala a voz e o que os ombros calam. A eterna verdade dos olhos, ofuscando. E o que os ombros falam quando rodamos nossas saias, nas rodas da noite, às vésperas de um imenso transtorno do tempo.

Quando saí na rua, perdi o fôlego: os fios elétricos me diziam mais que transmissores, estavam sempre que só indo, indo, sem bulir com o céu da noite."


beijo grande
da Fê