Num dia chuvoso acordamos com uma baita ressaca, resultado do dia anterior virado de brincar Bumba Boi. Era quase cinco da tarde, os mosquitos comiam nossa perna e o ventiladorzinho engasgava a mesma musiquinha companheira de todas as noites. Queria faz tempo conhecer a casa Fanti Ashanti, e nesse dia às seis o mastro do Divino ia ser erguido. Perdemos a festa, e eu fiquei toda borocoxô, meio com esse tique que gente de fora tem de comer o bolo inteiro da curiosidade de uma vez.
Queria ver, cheirar, tocar tudo que pudesse aguentar, e não pude. Nessa hora, lembrava de Zelão falando no meio-tempo das horas: “Não fica nessa doidice de festa de São João... a gente vai pra um lugar e o que tem lá são as pessoas. É essa a história que a gente leva!”. Verdade verdadeira maior. “Quer saber, bora desbaratinar!”. Lá na rua de cima, na casa de Rose o povo se concentrava ao redor de uma churrasqueirinha, com um isopor ainda cheio. O reggae comia solto na radiola da casa ao lado, o calor estralava. Estralavam fogos de artifício também. Estralava o som de uma caixa. Duas, três! Uai, tão subindo o mastro do Divino ali na rua de Rose. E era um mastro bonito que só ele, cheio de guaraná Jesus e cana de açúcar. O canto ecoava na rua, por um grupo de mulheres vestidas de rosa, e que depois fui saber que eram as filhas da falecida Dona Ceci. Dizem que na época de Ceci, a coisa era impecável, e se algo não estava no gosto dela dentro do ritual, mandava desenterrar o mastro e cantar as ladainhas tudo de novo.
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