Tambor de Dona Maria Luiza, Mimo de São Benedito. |
Quando cheguei no Maranhão caí nas graças da família de meu mestre de capoeira Zelão. Pessoas que agora já levo comigo onde eu for, tamanho o rombo de carinho que fizeram dentro de mim! A casa dos pais de Zelão - seu Zé Maria e Dona Sulica - é rodeada pela casa dos irmãos Charlene, Rose e Zé Filho. Ali no bairro do Anjo da Guarda, que o povo me disse logo que cheguei que de anjo mesmo não tem nada.
Dona Luiza, que desfiou rezas para eu fazer boa viagem de volta me protegendo do meu sonho mau agourento, é tia de Zelão por sangue e do bairro todo por extensão. Contou ela que faz quase trinta anos a sua rua - onde é vizinha de Seu Zé e Dona Sulica - era a pior do bairro e quiçá São Luis. Ali era tudo terra barrenta, morria muita gente, coisa ruim que só vendo. Dona Luiza tem raiz em Cururupu, cidade do interior famosa por seus tamborzeiros e cantadores bons, e que Seu Zé diz que nunca viu igual aos que existiam em sua mocidade em Cururupu. De lá, trouxe um cantador, outro Zé que ainda acompanha fielmente seu tambor. Foram os dois, em cada encruzilhada, batendo tambor e firmando promessa. Todo ano a rua fecha, um porco é assado e o tambor de crioula come solto até o sol raiar e mais! É em agosto, pra saudar São Benedito.
Dona Luiza faz pajelança, é conhecedora dos segredos das ervas medicinais, rezadeira e conversadeira, a casa sempre aberta pra rua. Acompanhei seu tambor sendo preparado na fogueira, o guarnecer com a sopa forte pras corêras aguentarem a punga, a roda que se forma com Dona Luiza já incorporada em cabôclo e o batismo onde se toma uma bebida com água benta e ervas, compartilhada em uma cuia com todos os devotos.
Mas o que mais ficou na minha memória, mesmo, é a risada gostooooosa da Dona Luiza, ecoando na rua toda!
Mas o que mais ficou na minha memória, mesmo, é a risada gostooooosa da Dona Luiza, ecoando na rua toda!
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